quarta-feira, 4 de maio de 2011

#4 O olho do gato capítulo4:O lobo que tudo sabe


    Teana abriu e fechou a porta o mais silenciosamente possível, subiu as escadas na ponta dos pés, entrou em seu quarto e fechou a porta atrás de si. Como não encontrou ninguém no caminho concluiu que seus pais ainda dormiam, o que a deixou aliviada, ela ensaiara muitas vezes uma desculpa por sair de casa tão cedo com aquele tipo de vestimenta mas tinha certeza de preferir não usar tal desculpa. Jogou a coberta na cama, deixou cair a camisola e foi até o armário, tirou dele um vestido simples, de mangas longas e cor marrom, vestiu-o e foi até o lavatório. Lavou o rosto, ajeitou os cabelos, prendeu-os com um fita vermelha e saiu. Mais uma vez desceu as escadas, mas desta vez não se preocupou em não fazer barulho, foi até a cozinha e deixou um bilhete, “fui até a feira matinal, irei almoçar com Gisela, portanto não esperem-me para o almoço”. Pegou uma cesta vazia que estava na cozinha, calçou os sapatos que estavam ao lado da porta de entrada e saiu.

    Recostada a parede do beco estava uma mulher, ou o que deveria ser uma julgando as curvas visíveis, com o corpo recoberto por uma capa negra e o rosto oculto por um capuz. Ela parecia esperar por alguém, mas ainda era cedo e não havia ninguém nas ruas, exceto um alto e magro homem de cabelos brancos, cartola, terno surrado e bengala em mãos. Ele foi até o beco e fez uma mesura perante a mulher.
-A quanto tempo Eliza...
Ela fez sinal para que ele a segui-se. Os dois caminharam pelo beco até chegarem a uma pequena porta, a mulher a abriu e convidou-o para entrar. Era um aposento pequeno, contendo apenas uma mesa e duas cadeiras. A iluminação fraca era proveniente de duas velas acesas sobre a mesa. Os dois entraram, a mulher fechou a porta e trancou-a. Ele sentou-se em uma cadeira e ela livrou-se da capa. Era uma bela mulher, cabelos castanhos encaracolados amarrados em um coque, curvas avantajadas e pele branca. Ela trajava um longo vestido negro com diversas fitas brancas entrelaçadas nele, o conjunto era magnifico, mas o que chamava mais atenção eram os olhos azuis claros, semelhantes aos de um lobo. Ela também sentou-se.
-Bela como sempre...
Ela sorriu.
-Agradeço o elogio Scrödinger... Mas diga caro rei, o que o trás a mim? Foi um chamado deveras repentino...
Ele retirou a cartola e deixou-a sobre a mesa.
-Bem, também foi inesperado para mim... Mas eu estou realmente precisando das informações coletadas pela minha querida informante.
Ela gargalhou e debruçou-se sobre a mesa.
-E o que o rei gostaria de saber desta vez?
-Teana Einzburn, algo a dizer sobre ela?
Eliza rodou os olhos em sinal de que estava tentando recordar-se de algo.
-Teana... Bem, o que dizer sobre ela... Um pouco avoada para a idade mas é bastante querida pelas pessoas da vila, ajuda bastante os pais e é um tanto popular entre os rapazes.
Scrödinger pareceu pensativo, ele esboçou uma expressão indecifrável e fez alguns momentos de silencio antes de prosseguir.
-Então... Acha que ela serve?
Eliza voltou a postura correta e fitou Scrödinger com uma meiga expressão de curiosidade.
-Pretende entregar uma gema para ela?
Scrödinger sorriu.
-Exatamente!

    Teana chegou ainda bem cedo, haviam poucas barracas da feira já abertas, a grande maioria dos feirantes ainda estavam arrumando seus estandes. Ela já sabia que era ainda muito cedo, mas foi de propósito que ela chegou naquele horário, do contrário, ela não poderia apreciar o delicioso café da manhã em sua estalagem favorita, a “Bota Furada”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário