quarta-feira, 30 de março de 2011

#15Caçador de Bruxas-Capítulo 14-Feitiço que vigia o mundo


Elizabeth estava estarrecida. Klaus não era apenas o mais poderoso caçador de bruxas vivo, como também era a centelha de esperança deixada pelos dez guerreiros da lenda, por isso ele era especial, por isso sua presença era tão imponente.
    Drover olhou para o céu e reparou que o sol em breve iria se por, era hora de partir. Ele se levantou e fez uma mesura debochada.
-Bem meus amigos, e hora de partir... Foi uma boa conversa e eu adoraria estende-la, mas tenho compromissos, e creio que você também.
Klaus também se levantou, ele por alguns instantes fez uma expressão muito seria mas logo a disfarçou com um sorriso. Elizabeth também se levantou.
-Se é assim velho amigo, boa sorte... Caso encontre Niele lhe mande lembranças.
-Digo o mesmo Klaus... E cuide bem dessa menina, ela vai ser linda quando crescer.
Klaus pareceu envergonhado, Elizabeth percebeu isso e ficou feliz imaginando o que ele teria pensado ao ouvir Drover dizer aquilo.
    Klaus se voltou para Elizabeth com um sorriso, afagou a cabeça dela e falou em um tom doce.
-Bem... Eu imagino que você queira perguntar muitas coisas... Mas pedirei que tenha paciência, quando chegar a hora irei responder tudo, mas agora temos de ir ou não chegaremos a Rubheigen antes do anoitecer.
Elizabeth fez que sim com a cabeça, mesmo por que, com aquele tom Klaus poderia conseguir qualquer coisa dela.
    Eles seguiram viagem, logo foi possível ver a silhueta de Rubheigen ao longe, mais meia hora de caminhada e eles estariam la. Klaus se mostrou um pouco inquieto, como se algo estivesse errado, ele parou e ficou observando o horizonte por alguns instantes para então num rompante segurar a mão de Elizabeth e correr para fora da estrada, parando apenas cerca de 100 metros depois.
-Desculpe fazê-la correr mas nós não podíamos ser pegos na estrada.
-Por que?
-Por que o que Drover veio avisar aconteceu...
Elizabeth ficou surpresa.
-O que Drover veio avisar... Mas ele não falou nada demais...
-Isso é por que você não percebeu... É um costume entre caçadores nunca se separarem antes do anoitecer, pois é justamente durante a noite que corremos maior perigo...
-E o que exatamente isso quer dizer?
Klaus olhou para ela seriamente.
-Isso quer dizer que existe algo tão perigoso em Rubheigen que mais vale a pena correr o risco de caminhar sozinho durante a noite do que permanecer perto da cidade... Então ele realmente tentou nos afastar da cidade...
Elizabeth estava confusa.
-Ele tentou nos afastar?
-Sim... Drover não é do tipo que senta para conversar, ele fez aquilo na esperança de que eu percebesse que ele queria evitar que eu fosse a Rubheigen...
-Então por que ele não falou diretamente?
-Por que seja la o que esta acontecendo afeta as estradas... Por isso saímos dela...
-E como você percebeu tudo isso tão rápido?
-O olho da Mabaa... Ele consegue enxergar magia se você não estiver muito longe da fonte... Quando chegamos perto de Rubheigen eu consegui ver a magia que se estende da cidade até as estradas...
-E que magia é esta?
-É uma magia bastante comum, mas muito poderosa... Se chama “Observar o Vento”, é um feitiço que permite observar todos os acontecimentos de uma área de uma vez só...
-Isso quer dizer que...
-Sim... Durante todo o caminho até aqui fomos vigiados...

terça-feira, 29 de março de 2011

#14Caçador de Bruxas-Capítulo 13-Passado III:Heranças


Elizabeth estava cada vez mais interessada na história, principalmente por ela reafirmar o quão boa fora a decisão de escolher Klaus para sua tarefa, principalmente ao estar ali, conversando com ele, com a certeza de que ele escapou.

    “Não demorou para que o brilho púrpura das paredes mágicas criadas por Mabaa se tornassem  mais intensos, provavelmente aquele era o sinal de que o feitiço estava prestes a entrar em funcionamento.
-Drover, se você pretende usar aquilo creio que esta seja a hora adequada...
-Eu já pensei nisso... Mas não resolveria o problema, eu só poderei transportar a mim mesmo usando este braço, você e Niele continuarão presos...
-Não é hora para sentimentalismo Drover! Não podemos perder três dos caçadores da lista de uma única vez!
Drover riu sarcástico.
-Não pense que estou pensando em vocês como pessoas, estou mais preocupados com aquilo que vocês carregam, o que realmente não pode ser perdido são os itens que temos aqui, perder o olho da bruxa, a cruz negra e o pingente do gelo de uma única vez, isso sim seria um problema.
Klaus respondeu de maneira seca.
-Então garanta que o braço da bruxa não seja adicionado as perdas!”

    Klaus baixou a cabeça, Elizabeth não conteve a decepção ao ver que ele não pretendia continuar sua história.
-E então? O que houve depois?
-Nada... Eu simplesmente desapareci, fui transportado para Sarges... Provavelmente obra de Lune...E era isso o que eu queria perguntar deis de o inicio Drover... Você provavelmente usou o braço da bruxa para escapar...Mas e quanto a Niele?
Drover riu.
-Provavelmente ainda esta viva...
-Como tem tanta certeza?
-Simples, eu não usei o braço da bruxa para sair... Eu também fui transportado, mas para Rubheigen, então acredito que Niele também tenha sido levada para algum lugar...
-Compreendo...
    Dessa vez Elizabeth não foi capaz de conter a curiosidade e interrompeu a conversa dos dois.
-O que é o braço da bruxa...E o pingente de gelo?
Drover sorriu.
-Pela sua pergunta deduzo que o olho da bruxa você já conhece... Bem, o pingente de gelo é apenas uma pedra mágica capaz de congelar o tempo por cerca de três segundos, já o braço da bruxa é isso aqui.
Drover disse isso levantando seu braço direito. Elizabeth ficou surpresa. “Seria algo semelhante ao olho da bruxa?”
-Isso quer dizer que esse ai é o...
-Sim, o braço da Mabaa... Ou o que sobrou dele após varias gerações da família Heltriz... Meus ancestrais implantaram o braço da Mabaa em uma de nossas mulheres, os filhos dela nasceram com poderes especiais por conta disso... O poder se perdeu com o tempo, mas ele ainda é muito mais poderoso do que artefatos comuns.
-Isso quer dizer que o olho do Klaus também é assim?
Drover voltou-se para Klaus que acenou positivamente com a cabeça.
-Não... O olho de Klaus é bem diferente... Ele realmente é o olho arrancado da Mabaa, os caçadores chamados de Cruz Negra o carregam em conjunto com a própria cruz a séculos, sempre que um cruz negra esta velho demais ele arranca seu próprio olho e o implanta em seu aprendiz, deixando a ele ta,bem a cruz.
Elizabeth sentiu um pouco de nojo ao ouvir aquilo, mas sua curiosidade só fazia aumentar, provavelmente ela era uma das poucas pessoas de fora do circulo dos caçadores ao ouvir a respeito daquelas coisas.
-Isso quer dizer que Klaus não é o primeiro cruz negra?
Com voz e expressão igualmente serias Klaus interrompeu Drover.
-Eu não sou o primeiro... A cruz negra é uma das armas originais dos dez guerreiros, sendo mais específico ela é a arma do décimo guerreiro que sobreviveu...

segunda-feira, 28 de março de 2011

#13Caçador de Bruxas-Capítulo 12-Passado II:A armadilha da bruxa rainha


Elizabeth estava concentrada, Klaus narrava muito bem a história que ela se sentia entre aqueles três caçadores, mas algo ainda a intrigava, enfrentar a Mabaa foi impossível mesmo para os 10 guerreiros do passado, então por que eles aceitaram a missão? A vontade de perguntar era grande, mas lhe faltava coragem para interromper Klaus e perguntar.

    “Os três entraram com passo firme no aposento, não havia nada além do já visto do lado de fora, apenas tapeçarias, estátuas e uma porta. Sem hesitar eles a abriram, vendo que nada aconteceu entraram no segundo cômodo. Tratava-se de um imenso corredor que parecia não ter fim, ao decorrer dele haviam ainda diversas outras portas, não havia nenhum enfeite, apenas as portas. Klaus preparou-se para avançar mais foi detido por Niele.
-Espere...Tem algo errado.
Drover concordou com a cabeça.
-Realmente...Preste atenção Klaus, o corredor esta iluminado, mas não vejo uma única tocha... Certamente se trata de um feitiço de distorção do espaço...
Klaus voltou-se para os dois que puderam contemplar o brilho púrpura de seu olho esquerdo.
-Posso ser o mais novo de nós, mas não julguem-me como um amador, eu estava apenas me preparando para quebrar o feitiço.
Drover abriu um sorriso forçado.
-Quase tão assustador quanto o cruz negra anterior...
Niele concordou com a cabeça.
    Klaus cerrou os punhos e deu um soco no vazio, imediatamente o ar pareceu rachar até que tudo ruiu, mostrando um corredor estreito e curto, agora com tochas e apenas quatro portas. Niele deu um passo a frente.
-Não pensei que a Mabaa usaria métodos tão simples, você não precisava ter usado o seu olho Klaus, eu podia ter quebrado esse feitiço com uma formula padrão de cancelamento.
Klaus balançou a cabeça negativamente.
-Não... Infelizmente não era um tão simples, você não puderam perceber, mas esse meu olho conseguiu enxergar a armadilha por traz da ilusão... Havia um feitiço de contra quebra, se você tentasse desfazê-lo de maneira normal provavelmente acabaria morta.
-Então como você não sofreu este contra quebra?
Drover se intrometeu na conversa.
-Eu mesmo posso responder, o “olho da bruxa”, um dos três poderes dele é desfazer feitiços, isso afeta também feitiços atrelados uns nos outros.
Uma voz feminina ecoou pelo corredor.
-Muito bem Drover Heltriz, não esperava menos do segundo mais poderoso caçador!
    Os três sentiram ali uma mistura de todos os medos possíveis aos humanos, nenhum deles jamais havia ouvido aquela voz, mas estando naquele lugar só podia tratar-se de uma pessoa, Mabaa. Klaus foi o primeiro a reagir, imediatamente ele retirou das costas o grande embrulho em forma de cruz e segurou a ponta do decido, pronto para removê-lo. Drover também não demorou a reagir e sacou a espada, apenas Niele permaneceu imóvel. A voz tornou a falar.
-Perdão por não recebê-los pessoalmente, mas não tenho vontade de enfrentar três dos mais poderosos caçadores juntos, principalmente quando já estou preparada para este confronto.
Imediatamente surgiu ao redor dos três uma espécie de caixa cujas paredes eram de um púrpura translúcido.
-Eis meu presente caçadores, mas não se enganem, esta não é apenas uma barreira comum, mas sim um feitiço de destruição. Infelizmente ele não funciona de imediato, portanto não se preocupem, ainda lhes resta algum tempo... Adeus, queridos caçadores...
    Todos ficaram apavorados, aquilo certamente não era um blefe, eles estavam lidando com a Mabaa, não havia razões para blefes, principalmente porque não havia razão alguma para deixá-los ali presos.
-Você não pode quebrar este feitiço Klaus?
-Infelizmente não Niele... Eu não posso usar os poderes deste olho com muita freqüência...Precisarei de ao menos cinco minutos antes de poder fazer qualquer coisa...
Niele se desesperou, dos três ela era a menos capaz, e se alguém realmente viesse a morrer ali certamente seria ela.
-Não...Eu não quero morrer...Ela não apareceu...Nós devíamos saber, ela não iria se arriscar...Nosso recurso de nada valeria...
Drover socou-a no estomago, ela imediatamente ruiu inconsciente.
-Perdoe-a Klaus...Eu deveria ter escolhido alguém mais experiente...
-Não se preocupe Drover...Realmente é compreensível... Eu mesmo não faço idéia de como escapar...

#12Caçador de Bruxas-Capítulo 11-Passado I:Invasão


Klaus, Elizabeth e Drover sentaram-se a sombra de uma das árvores a beira da estrada, Klaus e Drover pareciam felizes em se encontrarem, mas Elizabeth se sentia desconfortável, não só por estar na presença de um completo estranho, mas por não estar mais sozinha com Klaus.
-E então velho amigo, como escapou da armadilha da Mabaa?
Drover sorriu, era obvio que Klaus iria perguntar isso.
-Previsível como sempre Klaus... Bem, quando decidimos nos separar...
Elizabeth fez cara de quem não estava gostando nada daquilo, Drover percebeu e achou graça.
-Parece que sua contratante esta chateada Klaus... Diga-me mocinha, Klaus já lhe falou sobre quando enfrentamos a Mabaa?
Os olhos de Elizabeth brilharam.
-Não...
-Então, quer fazer as honras Klaus?
Klaus deixou um longo suspiro escapar.
-Tudo bem...Mas é uma história longa.
Elizabeth fez cara de quem esta muito interessada, ela havia esquecido todo o desconforto de poucos instantes atrás.
-Bem...tudo começou quando...

    “Klaus, Drover e Niele entraram sorrateiramente na caverna. Segundo o que dizia o mapa, aquela era uma entrada secreta para o castelo de Mabaa.
-Tem certeza que estamos no caminho certo Niele?
-É claro que tenho, o rei nos contratou para matar a Mabaa, por que nos daria um mapa incorreto?
-Não sei... O que me estranha é a Mabaa deixar um brecha dessas aberta...
-Quietos, se esta passagem existe é por que ela esta confiante demais e acredita não ser necessário fechá-la, mas não subestimem os ouvidos de seus servos!
Niele e Drover imediatamente encerraram a conversa, nenhum dos dois pretendia irritar Klaus, mesmo que todos eles fizessem parte do ranking de dez mais poderosos caçadores nenhum deles era forte o bastante para enfrentar o Cruz Negra que ocupava o topo da lista.
    Eles seguiram sorrateiramente, não ousavam acender tochas ou magia para enxergar na escuridão da caverna pois qualquer um dos métodos iria chamar atenção demais, o jeito foi aguardar até que a visão se acostumasse a penumbra, o que lhes tomou alguns minutos.
-Todos conseguem enxergar?
Niele e Drover consentiram. Os três seguiram o mais silenciosamente possível, não era possível prever que tipos de artimanhas contra intrusos Mabaa tinha no castelo, principalmente se tratando dela, a rainha das bruxas, e todo cuidado era pouco.
    Após quase uma hora de caminhada eles chegaram a uma parede regular demais para ser feita de pedra.
-Chegamos rapazes... Agora é a hora da verdade, não tem como quebrar isso sem ser com magia...
Klaus deu um passo a frente.
-Deixe comigo Niele, creio que entre nós serei capaz de fazê-lo com o menor desgaste... Preparem-se, as chances de sermos atacados daqui em diante é enorme...
Klaus apontou o indicador para a parede e logo um ponto luminoso surgiu a frente de seu dedo.
-Que o sol assovie a musica de ouro em tom de fogo e que as chamas percorram a escuridão profana em busca do mal...Sétima invocação da canção destrutiva: Chama do sol de ouro!
Do ponto luminoso surgiram chamas que se lançaram contra a parede de pedra, consumindo cada bloco até que a própria parede deixou de existir.
-Não importa se foi lançado por um caçador ou uma bruxa, magia é sempre algo assustador... Principalmente estas cantigas destrutivas...
-Não é do meu feitio me assustar com tão pouco... Mas confesso que ver Klaus usando magia é aterrador...
Klaus voltou-se para os dois.
-Silêncio, caçadores não deviam temer a magia... Alem do que, temos de ser cautelosos agora...
    Do buraco criado pelas chamas surgiu uma intensa luz esbranquiçada, revelando um aposento ricamente decorado com tapeçarias e estátuas, aquele certamente era um dos aposentos do palácio.”

domingo, 27 de março de 2011

#11Caçador de Bruxas-Capítulo 10-Caçadores


Na manhã seguinte os dois seguiram viagem. Elizabeth sequer desconfiava do que acontecerá entre Klaus e Lune durante a noite e caminhava despreocupadamente ao lado de Klaus, que apesar de sorridente parecia um tanto quanto distante.
-Você deveria ter concordado em revezar os turnos de vigia...Não parece que você esteja descansado...
-Não se preocupe mocinha, se tudo der certo passaremos a noite na cidade de Rubheigen, estando em uma estalagem poderei ter uma boa noite de sono.
    Klaus estava agradecido por Elizabeth ser ingênua demais para perceber que o que ele sentia não era cansaço, mas sim duvida, a proposta de Lune era tentadora de uma maneira estranha. Ele realmente repudiava a idéia de se unir a uma bruxa, mas Lune ainda era diferente, de alguma forma ele não era capaz de realmente enxergá-la como uma bruxa.
    O dia prosseguiu com poucas conversas, Elizabeth não ligou de inicio mas passou a se incomodar com o decorrer do tempo, aquilo parecia uma involução. O mesmo Klaus que no dia anterior se abriu com ela agora parecia apenas um desconhecido gentil. Isso a perturbava, ela acreditava que dali em diante eles seriam amigos próximos, mas ele novamente erguera um muro entre eles.
-Klaus...
Ele voltou-se para ela com um sorriso.
-O que foi?
-Esta realmente tudo bem?
Klaus suspirou.
-Apenas algumas duvidas, mas não se preocupe, eu estou bem.
Elizabeth foi obrigada a aceitar, ao menos não era mais uma resposta vaga.
    Enquanto eles caminhavam um homem que vinha na direção oposta parou repentinamente, era um homem ainda mais alto que Klaus e muito mais magro, tinha cabelos negros muito longos e ondulados e usava uma espécie de armadura negra. O homem encarou Klaus por alguns momentos, sacou a espada que trazia na cintura e apontou para ele.
-KLAUS CRUZ NEGRA!
Em resposta Klaus sorriu.
-DROVER HELTRIZ!
    Elizabeth não compreendeu o que estava acontecendo, mas ela sentia que não podia ser nada de bom, um homem apontava uma espada para Klaus, que por sua vez cerrara os punhos como quem se prepara para uma briga.
-Então você ainda esta vivo Klaus, isso é uma surpresa, eu achei que a Mabaa já tinha te matado!
-Eu que o diga!Depois de nossa invasão mal sucedida achei que você já tinha batido as botas!
Ambos caíram na gargalhada.
-Mas tem certeza de que você realmente é o Klaus?
-Eu estava para perguntar a mesma coisa a respeito de você ser realmente o Drover...
Ambos assumiram uma expressão de seriedade extrema e encararam-se por alguns momentos e depois declamaram em conjunto.
Seja qual for a dor pela qual eu venha a passar
Até a ultima bruxa eu irei caçar!
Tendo dito isso ambos voltaram a sorrir.
-Então é realmente você Klaus!
-É um alivio vê-lo com vida Drover!
    Drover guardou a espada e Klaus relaxou os punhos, os dois se aproximaram e deram um caloroso aperto de mãos. Elizabeth compreendeu que Drover não era um inimigo, então chegou mais perto, ao vê-la Drover abriu um sorriso malicioso.
-Então você já esta de namorada nova Klaus!
Elizabeth ficou vermelha e Klaus encarou Drover com uma expressão irritadiça.
-Você é idiota ou o que?Ela é só uma criança...
Drover observou Elizabeth atentamente.
-Você tem razão... E então, quem seria você mocinha, e o que faz acompanhada do mais terrível caçador de bruxas ainda vivo?
Elizabeth fez uma mesura.
-Eu sou Elizabeth Tomphson, eu contratei Klaus.
Drover aparentou estar surpreso.
-Você contratou o Klaus? Impressionante mocinha!
-Agora que me apresentei acho justo que você também o faça...
Drover sorriu.
-Drover Heltriz, caçador de bruxas e matador de demônios!

sexta-feira, 25 de março de 2011

#10Caçador de Bruxas-Capítulo 9-Beijo


Klaus e Lune se encararam por alguns instantes. Lune sorria alegremente, ela estava feliz ao ouvir Klaus alegar que talvez ainda sentisse algo por ela, ou assim ela queria parecer, enquanto Klaus estava preocupado.
-Podemos ir conversar em outro lugar?
-Por que?
-Não quero conversar com meu amante na presença de outra mulher.
-Ela é uma criança...
-Mas ainda é uma mulher.
Klaus deixou escapar um sorriso malicioso.
-Se sente ameaçada por ela?
Lune mais uma vez aprontou uma expressão teatral de tristeza.
-Sim...
-Se você faz tanta questão, podemos conversar enquanto caminhamos, mas tenho uma condição.
Lune voltou a sorrir.
-E qual seria?
-Elizabeth deve estar segura quando eu retornar.
-Que assim seja.
    Os dois se afastaram de onde Elizabeth estava, caminharam tranquilamente por algum tempo até que Lune decidiu retomar a conversa.
-Estou surpresa, você não só concordou em conversar como deixou sua cruz para traz...Bem diferente da sua reação de ontem...
-Você disse que veio para conversar, mesmo que agora seja uma bruxa isso não muda o fato de que você nunca mente...Isso sem contar o fato de que aquela cruz não serve de nada contra uma projeção.
-Uma projeção é...
Lune se aproximou de Klaus e lhe deu um beijo demorado nos lábios. Klaus ficou surpreso, enquanto Lune limitou-se a sorrir.
-Ainda acha que sou uma projeção?
Klaus ficou chocado, ele não esperava aquilo, ele não estava preparado para aquilo, ele não podia passar por aquilo.
-Por que você...
Lune tapou sua boca com um dos dedos e sorriu.
-Por que somos amantes, achei que fosse natural que nos beijássemos as vezes.
Klaus se afastou instintivamente.
-Amantes...Não...Quando você bebeu o sangue da Mabaa qualquer relacionamento que nós tivéssemos morreu...Eu sou um caçador, você uma bruxa...E eu fui contratado para caçá-la...
Lune fez uma expressão triste, mas desta vez parecia autentica.
-Isso quer dizer que você não me ama mais?
-Eu não disse isso...Eu apenas disse que cedo ou tarde terei de enfrenta-la...
-E você acredita que pode me derrotar?
Klaus baixou a cabeça.
-Não...Sequer sei se minha coragem é suficiente para enfrenta-la..
Lune voltou a sorrir.
-Se é assim que você se sente estarei aguardando-o em meu castelo...E lembre-se, eu o aceitarei mesmo que seja na ultima hora...
Dizendo isso Lune desapareceu.
    Klaus retornou ao acampamento, Elizabeth dormia tranquilamente, ele agradeceu aos deuses por isso. Ele se sentou mais uma vê zás lado da fogueira e fechou os olhos, agora que Lune se fora não havia mais nada que pudesse preocupá-lo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

#9Caçador de Bruxas-Capítulo 8-Klaus e Elizabeth


O resto do dia foi muito tranqüilo, a viagem seguiu sem atrasos e eles puderam andar um bom pedaço antes do anoitecer, quando saíram da estrada e montaram acampamento. Klaus montou uma fogueira e estendeu os dois sacos de dormir ao redor dela. Elizabeth se encarregou de preparar um ensopado para o jantar. Naquele momento estava tudo extremamente pacifico, por um momento eles se permitiram esquecer do objetivo daquela viagem e se concentraram naquelas tarefas corriqueira e nas lembranças dos acontecimentos daquela tarde. Elizabeth estava feliz, Klaus estava confuso.
    Elizabeth era pura alegria naquela noite, ela não sabia bem o por que, e também não se importava em saber, mas de alguma forma ela se sentia mais próxima de Klaus e isso a deixava com vontade de ser feliz, por isso, ela estava tentando caprichar ao maximo naquela sopa, pois se ficasse gostosa talvez Klaus mostrasse a ela mais uma vez aquele sorriso verdadeiro.
    Enquanto isso Klaus se encontrava em um mar de duvidas. Ele contou sobre a parte mais dolorosa de seu passado a Elizabeth, até ai estava tudo bem, mas o que realmente o perturbava era o motivo pelo qual aquele simples desabafo o fizera perder o medo da noite. Deis de que Lune havia se tornado uma bruxa Klaus jamais se sentiu confortável sob o céu estrelado, sempre que a noite caia ele se sentia apavorado, mas não era assim naquele dia, ele não só se sentia feliz como apreciava a beleza das estrelas, que até um dia atrás eram seu maior terror.
    A sopa ficou pronta. Elizabeth encheu dois pratos e os levou até onde Klaus estava, sentou ao lado dele e lhe entregou um prato.
-Espero que goste...
Klaus sorriu.
-O cheiro esta ótimo...Do que é?
-Legumes e carne bovina.
-Então deve estar ótima!
    Klaus limpou o parto rapidamente, Elizabeth não teve coragem de comer antes dele terminar. Ele voltou-se para ele com uma expressão seria.
-Me diga uma coisa...
Elizabeth estremeceu. “O que ele vai dizer...Será que esta ruim?Pela cara dele deve estar...Deuses...”
-O...O que foi...?
-Como você conseguiu deixar essa sopa tão gostosa sem nem usar tempero?
Elizabeth foi pega de surpresa, Klaus estava apenas brincando com ela ao fazer aquela expressão seria, ela foi pega totalmente de surpresa.
-Esta realmente tão bom assim?
Klaus sorriu.
-Sim, esta uma delicia.
    Os dois comeram até não sobrar nada da sopa, em seguida Elizabeth foi dormir enquanto Klaus faria a vigília. Ela insistiu que eles revezassem os turnos, mas nenhum argumento que ela usasse para tentar forçá-lo a dividir os turnos superava o fato de que se algo acontecesse ela realmente seria incapaz de fazer qualquer coisa.
    Elizabeth já estava dormindo a bastante tempo e Klaus estava sentado próximo a fogueira quando as sombras ao redor deles começaram a se reunir e tomar forma, mais uma vez Lune apareceu, imponente e bela.
-Eu estava esperando você Lune. 
Lune sorriu.
-Ora, então você realmente sabia que eu viria, foi por isso que não quis dividir os turnos de vigia com a menina?
Klaus falou em um tom serio.
-Eu jamais deixaria que você a encontrasse enquanto eu estivesse dormindo, principalmente se eu levar em conta os seus poderes como fada do sono.
Lune riu.
-Frio e calculista...Como costumava ser no passado...Mas bem diferente de ontem a noite...
-Eu não poderia ficar agitado em sua presença pela eternidade...
Lune armou uma expressão de tristeza digna de um palco.
-Esta dizendo que não sente mais nada por mim?
Klaus desviou o olhar.
-Não estou dizendo isso...
Lune voltou a sorrir.
-Que bom...

quarta-feira, 23 de março de 2011

#8Caçador de Bruxas-Capítulo 7-As lagrimas do caçador


Após o jantar Elizabeth e Klaus foram até o quarto para descansar. A viagem do dia seguinte seria ainda mais longa e descansar durante as noites seguintes seria ainda mais complicado, pois não havia nenhuma cidade ou vila entre Arlendre e Sarges. Mesmo sabendo disso foi impossível para Klaus pegar no sono. Lune era a parte de seu passado que ele sempre tentou esquecer, mas agora ele estava ali, em uma jornada para encontrá-la, para enfrenta-la. Apesar do que ele havia dito a Elizabeth ele sabia muito bem que era impossível para ele enfrentar Lune, aquela noite havia sido a prova. “Se eu pudesse realmente enfrenta-la eu teria usado a cruz negra antes de descobrir que era apenas uma projeção mágica, mas eu hesitei, eu não desfiz o selo da cruz...Eu não pude enfrenta-la...”.
    Klaus acordou Elizabeth bem cedo na manhã seguinte. O caminho era longo, e quanto mais cedo eles partissem mais longe chegariam antes do anoitecer. Klaus tentava disfarçar, mas Elizabeth percebeu que ele não estava bem, ela não sabia dizer o que era, mas ele tinha algo em sua expressão que ela não pode notar nos dias anteriores.
-Você esta bem?
Ele apenas olhou para ela e sorriu amargamente.
-Vamos indo...
-Como queira...
    As três primeiras horas de viagem foram muito silenciosas, Klaus parecia um tanto quanto cansado e caminhava de forma desatenta, Elizabeth estava cada vez mais preocupada. O homem alegre e gentil que Klaus se mostrou nos últimos dois dias simplesmente desapareceu após o encontro com Lune, dando lugar a um homem desatento e amargurado.
-Klaus... Algo o perturba?
Klaus parou repentinamente, virou-se para Elizabeth, não com o sorriso que ela gostaria de ver, nem com a seriedade que ela temia, mas com a mais profunda tristeza. Duas lagrimas percorreram sua face, ele estava chorando.
    Elizabeth não sabia o que fazer, era completamente inesperado que Klaus demonstrasse sua tristeza tão abertamente. Ela respirou fundo, tomou a mão dele e o conduziu para fora da estrada, até a sombra de uma árvore onde se sentou, deu dois tapinhas ao lado.
-Sente-se...
Klaus não se fez de resignado, obedeceu imediatamente o comando de Elizabeth e sentou-se ao lado dela.
-Se quiser dizer qualquer coisa eu irei ouvir, mas também irei entender se quiser ficar quieto.
Para a surpresa dela, ele inspirou fundo e começou.
-Foi tudo minha culpa... Lune não era uma bruxa, não tinha por que ser uma... Mas eu não cuidei direito dela... Ela era uma moça comum, alegre... Eu sempre fui o oposto, sempre amargo, quase maligno, mas ainda sim ela se apaixonou por mim e eu por ela...
Klaus respirou fundo mais uma vez e prosseguiu.
-Tudo isso aconteceu em Sarges, a mais ou menos sete anos... Nós nos conhecemos casualmente durante uma de minhas viagens... Convivemos por pouco tempo, mas nos dávamos muito bem... Levou menos de uma semana até que nos tornássemos amantes... Ficamos juntos por quase dois meses... Até que eu destruí tudo, nosso amor, minha felicidade...E principalmente... A vida dela...
Elizabeth apenas escutava com atenção, de alguma forma ela se sentia feliz ouvindo o desabafo de Klaus, se sentia especial. Por outro lado se sentia triste sem motivo algum vendo o quanto ele amava Lune.
    Klaus prosseguiu com seu desabafo.
-Tudo ia bem... Até que Lune me pediu para ir atrás de uma bruxa... Eu estava de mau humor naquele dia... E também era muito incompreensivo naquela época... Ela não tinha dinheiro, então recusei o trabalho... Não sei bem o que aconteceu depois disso, mas ela foi atrás da bruxa por conta própria, e quando voltou, ela mesma era uma bruxa...
Elizabeth ouvia com atenção, provavelmente foi por isso que ele não recusou o trabalho ao descobrir que ela não tinha dinheiro. Klaus enxugou os olhos e voltou-se para Elizabeth, ele agora estava sorrindo, sorrindo sinceramente.
-Obrigado... Não sei o que aconteceria se você não estivesse aqui para me ouvir...
Elizabeth corou, era a primeira vez que alguém dizia algo assim para ela. Aproveitando o momento de intimidade ela recostou a cabeça no ombro de Klaus.
-Que bom que eu servi para alguma coisa...

terça-feira, 22 de março de 2011

#7Caçador de Bruxas-Capítulo 6-Explicações


Klaus ficou chocado. De todas as bruxas ele esperava qualquer uma, até mesmo a Mabaa, mas não Lune como sua adversária nesta empreitada. Mas de certa forma as coisas pareciam fazer sentido, Sarges, uma Fada do Sono, tudo indicava que Lune era a bruxa mencionada por Elizabeth deis de o inicio. Elizabeth se recobrou do choque mas centenas de perguntas invadiram sua mente, “Por que Klaus conhecia aquela bruxa? Por que ela veio até aqui? Como Klaus quebrou aquele feitiço?...”, o turbilhão de perguntas só foi interrompido quando ela viu que o olho esquerdo de Klaus brilhava em um tom púrpura.
-Klaus...O seu olho...
Klaus cobriu o olho esquerdo com uma das mãos.
-Acho que devo explicações...
-Seria um bom começo...
-Bem... Sigamos viagem até Arlendre... Já passamos tempo demais expostos aos perigos da noite.
    Os dois seguiram viagem, não trocaram uma única palavra até chegarem aos portões de Arlendre, mas mesmo ali apenas decidiram se iriam jantar em alguma taverna, acabaram optando por fazê-lo.
    O lugar estava vazio, o amplo salão da taverna contava com a presença de um ou dois beberrões que já deviam estar ali a bastante tempo, Klaus e Elizabeth acharam que era até melhor uma taverna vazia, afinal, eles precisavam conversar.
-Bem, creio que eu deva começar...
-Sim...
-O que você quer saber primeiro?
-Como você quebro aquele feitiço?
Klaus apontou para o próprio olho esquerdo, que a esta altura já voltará ao tom castanho.
-Este olho não é exatamente meu, ele é uma herança a séculos passada de caçador a caçador, e nele estão contidos alguns poderes, dentre eles, a capacidade de anular qualquer feitiço.
Elizabeth ficou espantada com a naturalidade com a qual Klaus explicou aquilo, para ela a idéia de que o olho de Klaus já havia pertencido a outras pessoas não era algo fácil de compreender.
-E quem era o dono original deste olho? Por que ele é algo tão poderoso a ponto de valer a pena passá-lo adiante por gerações?
-Acredite se quiser, mas este é o olho que Mabaa perdeu na luta contra os dez primeiros...
Os dez primeiros, Elizabeth conhecia aquela história, todos conheciam, os dez grandes heróis responsáveis pela existência de todos os caçadores e da pouca paz que o mundo possuía.
-Mabaa... Então esse é o olho perdido da rainha das bruxas?
-Sim...
Quanto mais aquela conversa avançava maior era a dificuldade com que Elizabeth conseguia compreender o que estava acontecendo.
-E quanto a bruxa... Ela parecia conhecer você... Vocês pareciam íntimos...
Klaus desviou o olhar, era simplesmente impossível falar sobre aquilo com alguém sem sentir constrangimento.
-Nós éramos íntimos... A muitos anos... Ela não era uma bruxa na época...
-E o que aconteceu entre vocês?
A expectativa que Elizabeth depositava sobre a resposta a perturbava. “Por que eu quero saber sobre isso?”
-Nós éramos amantes por assim dizer...
Sem saber por que Elizabeth se sentiu um pouco triste, Klaus pareceu perceber.
-Não se preocupe, não há mais nada entre nós, não haverá nenhuma dificuldade em enfrentá-la... Exceto cumprir com a sua condição...
-O que você quer dizer com isso?
-Lune é poderosa... Não tenho certeza de que posso derrotá-la sem tirar sua vida... Sequer tenho certeza de que posso derrotá-la... Mas isso me leva a uma pergunta, por que eu não devo matá-la?
Elizabeth ficou muito perturbada, ela agradecia o fato de que Klaus ainda não havia feito esta pergunta, mas era eminente que ela seria feita cedo ou tarde.
-Eu não consigo matar... E quando digo que eu não consigo isso significa que não posso fazê-lo indiretamente também... Não sei bem dos detalhes, mas parece que isso faz parte da maldição rogada sobre as pessoas de Sarges...
Klaus pareceu de certa forma aliviado.
-Isso quer dizer que não há problema nenhum em fazer ela desaparecer, contanto que ela não morra certo?
Elizabeth assentiu com a cabeça, Klaus finalmente voltou a sorrir.
-Excelente, isso quer dizer que poderei contar com o meu trunfo.
-E qual seria o seu trunfo?
-O mesmo objeto que me rendeu a alcunha de Cruz Negra.

segunda-feira, 21 de março de 2011

#6Caçador de Bruxas-Capítulo 5-A Bruxa

Klaus e Elizabeth seguiram viagem, ainda faltava muito para que eles chegassem a Arlendre e as horas de sol já estavam se esgotando. Inevitavelmente a noite caiu e eles ainda estavam a duas horas de Arlendre. Klaus acendeu uma lamparina que ele retirou da mochila e os dois seguiram viagem, mas agora Klaus mostrava-se serio, Elizabeth compreendeu que ele realmente não gostava de viajar durante a noite.
-É culpa minha... Se eu não tivesse me cansado tão rápido...
Klaus abriu um sorriso.
-Não se preocupe... Não é tão perigoso assim viajar durante a noite deis de que o trecho percorrido seja curto.
Elizabeth limitou-se a sorrir em resposta. Klaus disse que estava tudo bem, mas ela percebeu que algo o perturbava.
    Os dois continuaram caminhando, mas logo Elizabeth teve a sensação de que algo estava errado. Ela começou a prestar atenção na paisagem, observou cuidadosamente cada detalhe, em busca de algo que pudesse estar diferente, até que ela teve a impressão de já ter passado por aquele lugar. No começo ela achou estar delirando, mas percebeu que eles realmente já haviam passado por aquele ponto. Ela puxou a manga de Klaus para contar a ele, mas ele sinalizou com a mão para que ela não o fizesse.
-Eu já percebi... Apenas continue andando como se nada estivesse errado....
    Aquela situação incomoda se repetiu por quase uma hora. Os dois simplesmente continuaram caminhando sem avançar. Elizabeth já estava se irritando com aquilo, principalmente quando percebia que Klaus parecia não se importar. Klaus parou repentinamente, cerrou os punhos e deu um soco no ar, imediatamente o ar pareceu rachar e se despedaçar ao redor deles. A sensação estranha que Elizabeth sentirá até agora desapareceu.
-Como eu pensei...
As palavras de Klaus despertaram a curiosidade de Elizabeth.
-O que houve?
Klaus encarou Elizabeth com seriedade.
-O que ocorreu a pouco foi culpa de um feitiço... Parece que não estamos sozinhos...
     escuridão pareceu reagir as palavras de Klaus. Um amontoado de sombras surgiu a frente dos dois e foi lentamente tomando forma. O que surgiu a frente deles foi a figura de uma bela mulher. Seus longos cabelos negros pareciam se misturar a noite, seu vestido vermelho parecia formar uma poça de sangue ao tocar o chão, sua pele branca parecia translúcida e seus olhos negros eram como um abismo. Elizabeth ficou paralisada ao ver aquela mulher, Klaus imediatamente pegou o grande embrulho em forma de cruz que até então estava carregando nas costas enquanto a misteriosa mulher limitou-se a caminhar lentamente em direção a Klaus.
-Nos encontramos novamente caçador...
A voz dela era belíssima, tão bela quanto ela mesma.
-Bem que eu imaginei que aquele feitiço era seu... Lune...
Lune abriu um discreto sorriso.
-Fico feliz que ainda se lembre do meu nome, Klaus Trismirion, ou devo chamá-lo de Cruz Negra?
-Cruz Negra? Você deve estar falando do meu companheiro aqui...
Klaus segurou a ponta do tecido que formava o embrulho, como se estivesse prestes a remove-lo, Lune continuou a sorrir.
-Não se precipite, esta não sou eu de verdade, não sou imprudente o bastante para confrontar o mais famoso dos caçadores em combate direto.
Klaus solou  a o pano e colocou o embrulho novamente em suas costas, mas manteve a expressão seria.
-Então o que pretendia vir até aqui?
-Eu queria conversar...
-Se era só isso por que lançou um feitiço?
-Ciúmes...
Klaus não foi capaz de disfarçar o espanto.
-Ciúmes...?
Lune fingiu estar magoada.
-Você estava acompanhando aquela menina... Eu fiquei com ciúmes dela...
Klaus voltou-se para Elizabeth, que ainda estava paralisada. Ele foi até ela, afagou sua cabeça e falou docemente.
-Não se preocupe, ela não vai te machucar enquanto eu estiver aqui.
Elizabeth simplesmente abarcou Klaus.
-E então Lune, o que você queria dizer?
Lune agora aprecia realmente enciumada.
-Antigamente apena eu podia abraçá-lo dessa forma...
Klaus se manteve o tom seco.
-Diga logo o que veio dizer e suma.
Lune virou-se de costas para Klaus e falou em tom de profunda magoa.
-Deixe para depois... Quando estivermos sozinhos... Quando você for só meu...
    Da mesma forma que surgiu Lune desapareceu. Klaus afastou Elizabeth e a encarou com preocupação.
-Você esta bem?
Elizabeth parecia em choque, mas conseguiu responder.
-Si...Sim...
-Tem certeza? Você esta estranha...
-Ela...Você conhecia ela?
Klaus desviou o olhar.
-Sim...Ela é uma velha conhecida....Por que?Você sabe quem ela é?
-Ela é... A bruxa que você vai caçar...

domingo, 20 de março de 2011

#5Caçador de Bruxas-Capítulo 4-Jornada


Klaus deixou a estalagem e se dirigiu ao centro da cidade para comprar provisões. “Ainda tenho umas duas ou três horas de dias, deve dar para comprar tudo”. O primeiro lugar a ser por ele visitado foi o ferreiro, la ele comprou um punhal e cinco pequenas esferas de ferro. Em seguida ele foi até a feira da praça central, onde comprou um maço de ervas do fogo, dois frascos de extrato de chefrar e uma caixa de carne seca. “Bem, parece que eu consegui comprar tudo”.
    Assim que Klaus deixou o quarto Elizabeth foi se lavar. A estalagem contava com um local onde se podia tomar um bom banho quente, que se mostrou muito revigorante para ela. Ao voltar para o quarto ela ainda ficou algum tempo acordada, na esperança de que Klaus chegasse enquanto ela ainda estivesse acordada, mas o sono acabou por vencê-la, Klaus encontrou-a dormindo quando retornou.
    Era ainda bem cedo quando Elizabeth despertou. Ela abriu os olhos preguiçosamente e olhou para a cama que havia sido improvisada ao lado da sua, na esperança de ver o rosto adormecido de Klaus, mas ele não estava la. “Será que ele chegou voltar para o quarto ontem a noite?Será que ele pretendia voltar...Ou será que ele aproveitou a situação para me abandonar...”. A mente de Elizabeth foi preenchida pela idéia de que Klaus havia usado sua saída como desculpa para deixá-la para trás, ela estava prestes a cair no abismo do desespero, mas foi salva pelo som da porta que estava se abrindo. Klaus entrou silenciosamente no aposento. Ele carregava uma mochila, dois sacos de dormir e um grande embrulho de tecido branco com a forma de uma cruz. Ele parecia tentar não produzir nenhum ruído, até que percebeu que ela já estava acordada.
-Bom dia moça, conseguiu dormir bem?
-Sim... E você, aonde foi tão cedo?
Klaus mostrou para Elizabeth a mochila e os sacos de dormir.
-Precisávamos de algo para carregar nossas coisas.
-E quanto ao embrulho?
Klaus desviou o olhar por alguns instantes.
-Esta é a Cruz Negra...
Elizabeth encarou o embrulho por alguns momentos. “Então é esta a origem do nome dele... O que será que esta dentro daquele embrulho...”. Klaus voltou a olhar para Elizabeth e abriu um sorriso.
-Então, pronta para viajar? Eu pretendo percorrer um bom trecho ainda hoje.
Elizabeth fez que sim com a cabeça.
    A aurora teve seu inicio quando os dois já estavam a uma distância razoável da cidade, que a esta altura não passava de uma silhueta negra no horizonte. Elizabeth tentou manter um ritmo acelerado de caminhada, mas acabou desistindo ao ver que Klaus parecia ajustar o seu caminhar ao dela. A estrada por eles tomada levava até Arlendre, um prospero vilarejo onde Klaus planejará passar aquela noite. Os dois caminharam sem pausa até que o sol já estava alto no céu., Klaus parou repentinamente, foi até uma grande árvore que estava a beira da estrada, tirou a o embrulho e a mochila das costas e deixando-as ao pé da árvore, em seguida, ele mesmo se sentou.
-Sente-se Elizabeth, uma pequena pausa não irá atrasar muito a viagem.
Elizabeth sentou-se, ela já estava ofegante, mesmo tendo caminhado num ritmo razoavelmente leve seu corpo não estava acostumado a longas caminhadas. Por outro lado Klaus não aparentava ter dado um passo sequer, mesmo tendo carregado todas as previsões ele não parecia nem um pouco cansado. “Será que ele percebeu que eu estava cansada e por isso parou?”.
-Me permite fazer uma pergunta Elizabeth?
-Claro.
-Como foi sua viagem de Sarges até aqui? Julgando por seu cansaço posso facilmente deduzir que você não veio caminhando.
Elizabeth deixou escapar um longo suspiro.
-É uma história longa... Mas a maior parte do caminho eu fiz via transporte mágico.
Klaus pareceu espantado.
-Transporte mágico é? Parece que você dispões de mais recursos do que eu esperava.
Elizabeth sorriu amargamente.
-Isso foi antes de ser capturada...
Klaus deixou morrer o sorriso e fez uma expressão seria.
-Capturada?
-Sim... Durante a viagem aqueles encarregados de me levarem até você decidiram que era mais lucrativo roubar meus pertences e me vender como escrava do que cumprir o contrato...
-E onde foi isso?
-Não me lembro bem... Mas não deve ser muito longe daqui... Eu levei apenas algumas horas para chegar até você...
-E eles e fizeram alguma coisa...?
Elizabeth armou um falso sorriso.
-Não se preocupe... Eles poderiam me vender por um preço melhor se estivesse inteira, portanto não me fizeram nada...
Klaus permaneceu serio por alguns momentos, depois abriu um sorriso.
-Fico feliz que não tenham feito nada de mal com você...
    Após aquela conversa os dois permaneceram em silencio, até que Elizabeth levantou.
-É melhor seguirmos viagem, não será muito bom termos de viajar durante a noite.
Klaus levantou-se e apanhou seus pertences.
-Tem razão, é melhor seguirmos viagem.

sábado, 19 de março de 2011

#4Caçador de Bruxas-Capítulo 3-Sorriso


“Estalagem Bota Furada”, era isso o que estava escrito na placa de madeira pendurada na porta do estabelecimento. Elizabeth foi tomada por uma espécie de preconceito devido ao nome do lugar, além de não parecer nada convidativo ainda sugeria algo em condições ruins, mas Klaus olhava para o lugar com satisfação e ela acabou deixando tais preconceitos de lado. Ao entrarem na estalagem Klaus foi diretamente até o balcão, onde foi atendido por um homem robusto de cabelos castanhos e bigode.
-Preciso de mais um quarto senhor Laurence.
-Mais um? O que você tem não lhe basta?
Klaus deixou escapar uma gargalhada e olhou para Elizabeth com um sorriso.
-A mim ele com toda a certeza basta, mas não bastará se eu tiver de dividi-lo com a senhorita ali.
Dessa vez foi Laurence quem riu.
-Entendo, então tem uma cliente! Mas tem certeza de que não quer dividir o quarto com aquela belezinha?
Klaus deixou o sorriso morrer e falou num tom de ameaça debochada.
-Você esta me incitando a fazer alguma coisa com uma criança Laurence? Ou estaria dizendo que eu sou o tipo de pessoa que faria este tipo de coisa?
Laurence se encolheu com um sorriso.
-Calma, calma! Foi só uma brincadeira, não precisa bancar o “Cruz Negra” comigo...
-Bem, então, entregue-me uma chave...
-Bom... Eu até faria isso, mas minha brincadeira teve um fundamento, eu não tenho mais quartos vagos, então se você quiser que a mocinha fique aqui terá de dividir o quarto com ela...
Klaus fez uma pequena pausa na conversa para pensar, voltando-se para Elizabeth em seguida.
-Você esta bem em dividir o quarto? Se preferir eu posso pegar um quarto em outra estalagem.
Elizabeth abriu um sorriso.
-Não precisa se preocupar, nós podemos dividir.
Klaus voltou-se novamente para Laurence.
-Mande as meninas colocarem mais uma cama no quarto.
-Como queira senhor Klaus.
    Elizabeth e Klaus foram até o quarto. Era um aposento simples porém amplo para um quarto individual. Era munido de um armário, um baú, uma cômoda, duas cadeiras e uma cama aparentemente confortável. O quarto também contava com um banheiro individual.
-Senhor Klaus... Me permite fazer uma pergunta?
-Claro, pergunte o que quiser.
Elizabeth tentava disfarçar a curiosidade sem sucesso, Klaus limitou-se a sorrir vendo a agitação da menina.
-Quantos anos o senhor tem? Você não parece tão mais velho do que eu assim... E ainda me chamou de criança na frente do senhor Laurence...
Klaus deixou escapar uma gargalhada.
-Mas você é realmente uma criança... Quanto a minha idade, eu tenho 25 anos.
Elizabeth ficou espantada, era admirável que alguém tão jovem já fosse um renomado caçador de bruxas.
-Posso fazer mais uma pergunta?
-Claro, como eu já disse, pode perguntar o que quiser.
-Como você já é um caçador de bruxas tão famoso mesmo sendo tão jovem? Normalmente você estaria iniciando sua carreira como caçador com esta idade...
O sorriso de Klaus morreu e sua expressão se tornou seria, chegando a causar calafrios em Elizabeth. “Provavelmente é com esta expressão que ele enfrenta as bruxas...”.
-A explicação para minha fama é a mesma que para meu “apelido”... Em breve você irá entender... Mas já que começamos a falar de meu trabalho, eu também preciso fazer algumas perguntas... È melhor você se sentar.
Elizabeth sentou-se na cama enquanto Klaus puxou uma das cadeiras.
-Eu preciso de algumas informações a respeito da bruxa que irei caçar, você sabe um pouco sobre ela?
Elizabeth fez que sim com a cabeça.
-Certo... Em primeiro lugar, que tipo de maldição ela rogou sobre a vila? O que exatamente acontece com os aldeões?
Elizabeth desviou o olhar.
-Durante o dia todos parecem estar com muito sono, como se pudessem adormecer a qualquer instante, por outro lado, quando a noite cai e as pessoas se recolhem para dormir, o sono lhes foge e eles mal podem descansar.
-Entendo, então é uma “fada do sono”...
Elizabeth voltou a encarar Klaus, com uma expressão interrogativa.
-Fada do sono?
-Sim, é assim que nós classificamos as bruxas cujos feitiços alteram de alguma forma o modo com que as pessoas descansam.
-E isso é muito ruim?
-Não, isso é bom, se ela for mesmo uma fada do sono será muito mais fácil não matá-la.
Elizabeth esboçou um sorriso ao ouvir isso, mas Klaus manteve a expressão seria.
-Apenas mais uma pergunta... Espero que não se ofenda, mas eu preciso saber. Como exatamente você pretende me pagar por meus serviços?
Elizabeth baixou a cabeça. Ela realmente esperava que ele não fizesse esta pergunta, mas era obvio que cedo ou tarde ele desejaria saber qual seria a parte dela no contrato.
-Como você espera ser pago?
-Eu sempre prefiro receber em dinheiro, mas algum item de valor também seria bem vindo.
-E este trabalho irá custar caro?
-O trabalho em si não, sendo uma fada do sono é um serviço relativamente simples, a parte mais cara serão os gastos com a viagem até Sarges.
Elizabeth encolheu-se um pouco.
-Isso quer dizer que eu vou precisar de uma quantia razoável não? Ainda mais por você ter comprado estas roupas e estar dividindo seu quarto na estalagem...
-As roupas e o quarto são cortesias minhas, não se preocupe com isso... Mas você ainda precisaria de uma boa quantia para custear a viagem.
-Imaginei...
Klaus olhou para Elizabeth de forma seria, mas compreensiva.
-Você não tem dinheiro...Não é?
Elizabeth deixou um soluço de choro escapar.
-Não...
-E como você pretende me pagar?
Elizabeth tentava conter o choro.
-Eu não sei...
-Eu não posso trabalhar de graça...
Elizabeth olhou para ele, as lagrimas já lhe escorriam pela face, mas ela estava determinada.
-Eu vou lhe pagar como você preferir...E farei qualquer coisa que você quiser...Qualquer coisa...
Klaus apenas sorriu.
-Deve ter algo que eu possa fazer não é? Deve ter algo que você queira que o dinheiro não possa comprar... Talvez uma serva...Ou quem sabe...
Klaus interrompeu Elizabeth, encostando delicadamente o dedo em sua boca, ele olhou para ela com um sorriso gentil que a fez esquecer por um instante a situação em que se encontrava.
-Eu jamais poderia ficar com algo que você não estivesse disposta a me entregar, eu jamais poderia tomar sua liberdade tornando-a minha serva ou algo além disso...
-Mas então como eu vou...
-Não se preocupe Elizabeth Tomphson, eu vou caçar a sua bruxa.
Elizabeth mal pode acreditar no que acabara de ouvir. “Ele vai fazer...Ele vai me ajudar...Ele...”. Um sorriso sincero e aliviado dominou a face de Elizabeth.
-Pronto, você acaba de pagar por todo o serviço.
Elizabeth olhou para ele interrogativa.
-Mas como?
-O seu sorriso, foi um sorriso sincero, bem raro de se ver hoje em dia... Me mostrar algo tão bonito e raro pagou por toda a viagem.
-Klaus...
Ele se levantou e foi em direção a porta do quarto.
-Agora durma, eu irei comprar os suprimentos para a viagem. Trate de descansar pois partiremos amanhã bem cedo.
-SIM!

sexta-feira, 18 de março de 2011

#3Caçador de Bruxas-Capítulo 2-Roupas Novas


Klaus e Elizabeth perambularam pela cidade, Klaus observava cada loja, como se estivesse procurando por alguma coisa, Elizabeth apenas o seguia.
-O que exatamente você esta procurando?
-Uma loja de roupas, precisamos comprar alguma coisa para você. Não me parece certo deixá-la andando por ai com este vestido puído...
Elizabeth errubreceu. “Eu me esqueci de trocar este vestido...”
-Não precisa...
Klaus sorriu afetuoso.
-Mesmo que não precise é uma vontade minha, afinal, somos parceiros agora...Se bem que eu ainda não sei onde esta a sua bruxa...
-Norte do reino Skarper, vila de Sarges.
O sorriso de Klaus morreu com as palavras de Elizabeth, ele agora assumiu uma expressão apática.
-Sarges é... Faz bastante tempo que não vou la...
-Então você já esteve em Sarges?
-Sim... Uma conhecida morava la... Mas deixemos isso de lado, tem uma loja de roupas logo em frente.
    Mal os dois entraram na loja e uma senhora veio atende-los. Ela deu uma boa olhada em Klaus, em seguida voltou-se para Elizabeth, encarou-a por alguns momentos e depois voltou-se novamente para Klaus, deixando escapar um risinho malicioso.
-Você nunca me contou que tinha uma filha mestre Klaus.
Klaus apenas sorriu.
-Você sabe muito bem que o meu trabalho não me permite ter algo como uma família Verônica...
Verônica chegou mais perto de Klaus e falou em tom de deboche.
-Então ela é sua amante? Eu não sabia que você gostava das novinhas...
Ao ouvir isso Elizabeth ficou vermelha como pimenta, Klaus limitou-se a gargalhar.
-Não seja tola Verônica, ela é apenas minha contratante.
Verônica voltou-se novamente para Elizabeth, dessa vez encarando-a com mais seriedade. Elizabeth por sua vez tentou disfarçar a vergonha sem sucesso.
-Entendo...Você deve ter trazido-a para substituir este vestido não? Precisarei dar um jeito no cabelo também... Venha mocinha, vamos pegar alguma coisa que combine com você.
    Verônica guiou Elizabeth para uma sala separada do restante da loja e a trouxe de volta cerca de vinte minutos depois. Klaus, que estava dormindo em uma cadeira, foi acordado por Verônica.
-Dê uma boa olhada nela Klaus, acho que até mesmo você poderia se apaixonar!
Elizabeth estava vestindo um vestido azul escuro adornado por uma faixa vermelha trançada, seus cabelos agora estavam penteados e presos com um laço de seda. Até mesmo Klaus se perdeu olhando-a por alguns momentos. “Ela vai ficar linda quando for mais velha”.
-Pelo visto você gostou Klaus.
O comentário de Verônica errubreceu Elizabeth.
-Eu...Eu fiquei bem?
Klaus abriu um sorriso.
-Sim, ficou muito bem em você... Verônica, quanto eu estou te devendo?
-Não se faça de tolo Klaus... Não importa quantas vezes você venha até aqui fazer compras, eu nunca vou conseguir saldar a divida que tenho com você, então é claro que você não me deve nada.
-Sendo assim, se cuide Verônica.
    Klaus e Elizabeth deixaram a loja. Elizabeth estava um pouco envergonhada, ela já tinha se acostumado a usar o antigo vestido de viagem e não se sentia muito a vontade com as novas roupas.
-Acho melhor procurarmos por uma estalagem, você vai precisar descansar.
-Sim...

quinta-feira, 17 de março de 2011

#2Caçador de Bruxas-Capítulo 1-Contrato

    Era uma tarde tranqüila, Klaus cochilava tranquilamente a sombra de uma macieira quando foi acordado pelo som de passos se aproximando. Ele se limitou a abrir os olhos para observar. Quem se aproximava era uma menina, devia ter no maximo 12 anos, vestia um vestido puído e seus longos cabelos castanhos estavam desgrenhado, parecia muito cansada apesar do sorriso que trazia no rosto.
-O senhor deve ser Klaus “Cruz Negra” estou certa?
Klaus se levantou preguiçosamente, mas isso já foi o bastante para impressionar a menina, fazendo-a alargar ainda mais o sorriso que trazia no rosto. “Alto e esguio, cabelos negros desgrenhados, pinta abaixo do olho esquerdo, casaco negro adornado por correntes...É ele!”.
-Me chame apenas de Klaus, essa alcunha de “Cruz Negra” é extravagante demais.
-Perfeito!Eu soube que o senhor caça bruxas se for pago, é verdade?
Klaus deixou um pequeno sorriso escapar pelo canto da boca.
-Sim, desde que a quantia cubra meus gastos e me permita comer algo gostoso em alguma taverna.
A menina apontou o indicador para Klaus.
-Eu tenho um trabalho para você!
Klaus deixou de tentar conter o sorriso.
-Trabalhos são sempre bem vindos! Mas antes de discutirmos os detalhes, qual seria o seu nome?
A menina fez uma doce reverencia.
-Elizabeth Tomphson a seu dispor!
-Neste caso, queira sentar senhorita Elizabeth, teremos muito o que conversar!
    Ambos se sentaram na grama. Klaus manteve o sorriso no rosto, já Elizabeth foi tomada pela duvida, ela simplesmente não sabia por onde começar. Ela respirou fundo e começou.
-Bem, minha proposta é um pouco estranha, então peço que não ria de mim...Pode me prometer isso?
Klaus assentiu com a cabeça, Elizabeth prosseguiu.
-Eu quero que você livre minha vila da maldição de uma bruxa.
Klaus assumiu uma expressão interrogativa.
-E o que há de estranho nesta proposta?
-A parte estranha é que você não pode matar a bruxa.
Uma expressão de curiosidade tomou conta da face de Klaus.
-Não matar a bruxa?Por que você não quer que ela morra?
-Você não precisa saber...
Klaus soltou uma sonora gargalhada e estendeu a mão para Elizabeth.
-Muito bem mocinha, a proposta é interessante, então vou aceitar o trabalho!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Reflexões

pensamentos e rabiscos...

#1Caçador de Bruxas-Capítulo 0-Prólogo

    Houve uma época já esquecida pelo próprio tempo em que magia era algo comum e trivial, praticamente qualquer um podia invocar feitiços, bastando que para isso uma pequena quantidade de energia vital fosse “queimada” e que duas regras fossem seguidas a risca, jamais causar o mal através de um feitiço e jamais manipular o tempo através da magia. Quebrar qualquer uma destas duas regras resultaria na morte do invocador. Assim foi por muito tempo, a vida simplesmente abandonou todos aqueles que tentaram quebrar uma destas regras, mas toda e qualquer regra possui uma exceção. A primeira pessoa a quebrar esta regra foi a “Mabaa”, a primeira mulher a receber o título de “bruxa”. Ela não era capaz de alterar o fluxo do tempo, mas causar o mal através da magia não trazia nenhuma conseqüência para ela.
    Se a exceção estivesse restrita a Mabaa tudo seria facilmente resolvido, mas ela encontrou uma forma de passar a exceção adiante. Qualquer mulher que bebesse o sangue da Mabaa poderia usar magia para causar o mal sem se preocupar com nada. Foi assim que surgiram as outras bruxas.
    O mundo mergulhou no caos, apenas as bruxas podiam usar magia de forma ofensiva, o que tornava qualquer tentativa de resistência praticamente inútil. Cidades inteiras foram escravizadas por meio de maldições, as bruxas tinham o mundo em suas mãos, até que um pequeno grupo de dez guerreiros decidiu combatê-las. Estes dez guerreiros se especializaram no uso de contra feitiços, tornando o uso de magia inútil perante eles. Centenas de bruxas foram mortas e o mundo começou a se tornar um local pacífico novamente.
    Tudo parecia melhorar, mas a atitude dos dez guerreiros fez com que Mabaa se enfurecesse. Ela mesma foi ao encontro dos dez e os enfrentou. Nove deles foram mortos, o décimo ficou para sempre incapacitado de enfrentar qualquer bruxa, e tudo o que eles conseguiram nesta luta foi arrancar um olho e um braço de Mabaa.
    As bruxas acreditaram que com isso retomariam o controle, mas a semente de revolta já havia florescido, eram muitos agora os que adquiriram ferramentas para enfrentar as bruxas, todos eles ensinados pelo décimo guerreiro sobrevivente. Assim a situação ficou equilibrada...