quarta-feira, 25 de maio de 2011

#1Fantasmagória-Primeiro Sussurro:7 Reis do Terror

História nova hoje, reunindo os mais clássicos personagens de terror (alguns reais, outros nem tanto) em um único conto, o Fantasmagória. Espero que seja do agrado.Savvy?

    A lua crescente brilhava no céu, mas não se tratava de seu brilho prateado, mas sim de um terrível brilho avermelhado, brilho que predizia a chegada da lua rubra, a lua que surgia a cada mil anos nas noites do festival dos mortos. Sete cartas foram enviadas.

    Vlad Tepes, o empalador, senhor das terras da Valáquia, conde da Romênia e feroz guerreiro, reconquistou as terras de seu pai e defendeu sozinho a Romênia dos Turcos, recebendo assim o título de Drácula, o filho do dragão. Recebeu seu convite em 1460.

    Georg Faust, médico e homem das ciências, desiludido com o limitado conhecimento de seu tempo fez um acordo com o demônio Mefistófeles em troca de vinte e quatro anos sem envelhecer para que pudesse superar o conhecimento de sua época. Recebeu seu convite em 1510.

    Elizabeth Bathory, a condessa de sangue, provavelmente a mais vil e cruel mulher da história, torturava seus criados e banhava-se no sangue de virgens para obter juventude e beleza eternas. Recebeu seu convite em 1590.

    Victor Frankenstain, alquimista e professor de ciências, dedicou sua carreira a aprender como ressuscitar os mortos através da ciem ciência, obtendo sucesso ao criar um ser através das partes mortas de outras pessoas. Recebeu seu convite em 1820.

    Henry Jekyll, alquimista e médico, criador da formula capaz de multiplicar varias vezes a força de um homem, mas que também mudava sua personalidade. Recebeu seu convite em 1830.

    Abraham Van Hellsing, médico austríaco, enfrentou Drácula na Inglaterra, salvando o país de sua sombra maligna. Recebeu seu convite em 1880.

    Jhon Constantine, caçador de demônios condenado ao inferno, impediu que Mamon, filho de Lucifer viesse ao mundo. Recebeu seu convite em 2009.

    Em todos os convites eram iguais, todos escritos em sangue sobre papel envelhecido, todos contento as mesmas palavras.
    Temos o prazer de convidá-lo, o senhor rei do terror, para nosso humilde evento, o Fantasmagória.
Outras seis pessoas além do senhor foram convidadas, de diferentes tempos com diferentes habilidades.
Aqueles que aceitarem o convite deverão vir até nossa humilde morada, o castelo da sombra, não se preocupem com a localização, pois tendo intenção de vir vocês saberão como chegar.

Aguardo vossa presença altezas.
 Jack O' Lanterna

terça-feira, 24 de maio de 2011

Poesia-Pergunta ao Sábio

O que canta o pássaro de raios?
Canta a canção do guerreiro inapto.
E a que ronrona o gato de sombras?
Ronrona a morte do paladino em honra.
E o que a lâmina celeste corta?
O retorcido tronco da árvore morta.
E para quem a ventania sopra?
Para o cigano que na velhice chora.
E por que caem as lagrimas?
Caem por que a lua implora.

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Deixando uma singela poesia, não é da melhor qualidade mas é o melhor que este pretenso cigano pode fazer sem seu amado anel de prata.Savvy?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

#6 O olho do gato capítulo6:Lince que na noite caminha


    Teana estava perplexa, ela encarava Gisela com uma expressão indefinida. Era comum da amiga desaprovar qualquer outra amizade sua, mas era a primeira vez que ela falava em não se encontrar mas com a pessoa citada, ainda mais naquele tom tão sério.
-Po...Por que Gisela?
Gisela manteve a seriedade, falando em um tom quase que de pena.
-Você não conhece as histórias?
Teana permanecia sem entender.
-Conheço... Por isso mesmo não compreendo o que você esta dizendo... As histórias sempre foram tão maravilhosas...
Gisela baixou a cabeça.
-Realmente, todas são maravilhosas estórias de amor cheias de fantasias... Mas são as mesmas histórias que denunciam o quão perigoso um gato pode ser...
Teana ficou um pouco irritada com aquilo.
-Do que você esta falando?
-Do fim das estórias Teana... Todos aqueles com quem um gato se envolve desaparecem e jamais tornam a ser vistos...
Teana ficou em choque, relembrando das estórias das quais tanto ela gostava ela concluiu que aquilo era verdade, ninguém jamais foi visto depois de envolver-se com um gato, não havia nenhuma menção do que acontecia depois que alguém se aproximava de um deles, apenas o contínuo e vago “jamais foi visto novamente”, ela encarou Gisela com certo temor e desespero.
-Você tem razão... E agora Gisela, o que farei? Combinei de encontrar-me com ele amanhã...
Gisela a encarou severa.
-Faça o que fizer não vá!
-Mas ele sabe onde moro...Ele encontrou-me ao lado da casa de meus pais...
Gisela ficou em silêncio por alguns momentos para pensar.
-Passe a noite aqui, ele não sabe sobre mim, não irá encontrá-la.
-Certo...Irei fazer isto.

    Já passavam das dez e meia e Teana ainda não aparecera, Scrödinger já estava impaciente, tanto que, de seu próprio corpo saiu uma figura translucida, idêntica a ele, mas com cabelos negros.
-Não percebeu ainda Scrödinger, ela não vem.
Scrödinger voltou-se para Yuuri com um sorriso forçado.
-Ela esta apenas atrasada Yuuri, tenho certeza de que ela virá.
Yuuri encarou Scrödinger com seriedade.
-Você já deveria ter abandonado esta tola ingenuidade, ela não virá, ninguém se atrasa mais de quatro horas com intenções de comparecer.
Scrödinger manteve o sorriso e passou a forçar um tom de confiança.
-Tenho certeza de que ela virá, ela me prometeu...
Yuuri acrescentou uma ponta de fúria a suas palavras.
-E deis de quando a promessa de um desconhecido é de valia?
-Deis de que eu tenha decidido confiar nesta pessoa.
Yuuri da um sonoro tapa em Scrödinger e brada a plenos pulmões.
-Não seja tolo! Humanos não são confiáveis a menos que os conheça, eles não são como os mononokes, cuja palavra é incontestável!
Scrödinger baixou a cabeça.
-Tens razão...Ela não virá.
Yuuri encarou-o seriamente.
-Sim... E é por isso que eu irei buscá-la!
Scrödinger encarou Yuuri com seriedade.
-Vá e traga a presa intacta, lince que na noite caminha.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

3#Post Especial: Caçador de Bruxas Cap.3-Revisado e Ampliado

E então galera, ai esta o Caçador 3 revisadpo e ampliado. Eu decidi não mais postar os capítulos curtos (que nada mais são do que um esqueleto dos capítulos longos), então daqui em diante irei postar apenas os capítulos longos. Que fique avisado que algumas mudanças podem surgir na história (convenhamos que algumas coisas ficaram bem forçadas). Bem, era isso, fiquem com o Sorriso.Savvy?

    O quarto não era grade, mas já era bem maior do que Elizabeth esperava. A mobília era pouca mas suficiente, apenas uma cama, um armário, duas cadeiras e uma mesa. Ela também reparou que Klaus retirara a chave de um dos bolsos da calça, sugerindo que ele a carregava o tempo todo.
    Ele simplesmente entrou no quarto, retirou o casaco de couro e pendurou nas costas de uma das cadeiras, sentando-se nela em seguida. Deixou escapar um longo e profundo suspiro, depois olhou-a com um sorriso estampado no rosto.
-E então mocinha, temos algumas coisa a conversar, mas creio que seja prudente atender de suas necessidades primeiro. Podemos jantar na taverna se você tiver fome, você pode dormir e até tomar banho se pedirmos a Laurence que prepare a banheira.
Um banho, aquela idéia ficou fixa na mente de Elizabeth, ela queria aquilo mais do que tudo, mas tinha um pouco de vergonha de pedir a Klaus que falasse com Laurence e mais ainda de pedir diretamente a ele. Klaus por sua vez pareceu notar que ela tinha vergonha de pedir a ele, então levantou-se e foi até a porta.
-Amanda, poderia vir aqui um instante?
Alguns instantes após Klaus dizer isso uma moça veio até a porta do quarto. Elizabeth ficou encantada com ela, devia ser muito jovem, apenas dois ou três anos mais velha que ela, tinha longos cabelos castanhos e usava um vestido bastante simples de algodão, era alta e tinha belíssimos olhos verdes. Ela encarou Klaus com um sorriso.
-Pois não senhor Klaus?
Ele sorriu para ela.
-Poderia cuidar de minha convidada? Tenho de resolver algumas coisas...
-Como quiser.
Klaus voltou-se para Elizabeth.
-Tenho alguns assuntos a tratar com Laurence, pode pedir a Amanda qualquer coisa que você queira.
Elizabeth concordou com a cabeça.
    Klaus retirou-se do quarto, Amanda encarou Elizabeth com um amável sorriso no rosto.
-E então senhorita, como eu posso servi-la?
Elizabeth se sentia mais a vontade para conversar com outra mulher então não se resignou a pedir.
-Eu gostaria de um banho.
-Irei providenciar, vai levar algum tempo até que a água esteja aquecida então pedirei que espere, virei chamá-la quando estiver tudo pronto.
-Certo.

    Klaus retornou a recepção e foi até o balcão de atendimento onde estava Laurence, que aparentemente já esperava por ele. Klaus estava serio assim como Laurence.
-Não adianta me pedir, não há nenhuma informação a respeito da menina, ao menos nenhuma que você não saiba já que ela foi vista pela primeira vez na cidade em sua companhia.
Klaus suspirou.
-Isso não me é surpresa, mas acho até bom que ninguém tenha informações, isso a torna confiável.
Laurence gargalhou, o que quebrou toda a tensão que estava no ar.
-Nunca entendi essa sua linha de pensamento.
Klaus sorriu.
-Ora, ela é muito simples, se não há informações a respeito de uma pessoa significa que ela não fez nada que as fofocas queiram espalhar, logo ela não fez nada de memoravelmente ruim.
-Mas você é mesmo desconfiado... A menina não deve ter mais de treze anos e você ainda sim vem checar se há alguma informação a respeito dela.
Klaus continuou a sorrir mas de uma forma que passava certo sentimento de tristeza, um sorriso que chegava a ser assustador.
-Você deveria saber melhor do que ninguém que a idade não significa nada.
Laurence tornou a demonstrar seriedade.
-Pode até ser... Mas são raras as crianças prodígio como você e ainda mais raras as como ela...
Klaus dirigiu-se mais até a escadaria que levava aos quartos, levantou uma das mãos em agradecimento a Laurence e retirou-se sem dizer mais nada.

    Amanda bateu a porta do quarto, imediatamente Elizabeth a abriu. Amanda sorriu e estendeu para ela uma toalha branca.
-Seu banho esta pronto senhorita, me acompanhe para que eu a leve até o lavatório.
Elizabeth concordou com a cabeça e acompanhou Amanda. Ela a guiou pelos corredores da estalagem até uma porta que ficava no fim de um deles. Elizabeth estava surpresa, não esperava que a estalagem fosse tão grande, principalmente levando em conta seu nome que passava certa impressão de que aquele era um lugar pequeno.
    Amanda destrancou  a porta do lavatório e entregou a chave a Elizabeth.
-Quando terminar desça até a recepção e entregue a chave a Laurence.
Elizabeth assentiu silenciosamente, Amanda sorriu e afagou sua cabeça.
-Se tiver qualquer problema me chame, vou indo agora.
Elizabeth assentiu com a cabeça. Amanda deixou o aposento fechando a porta ao sair, Elizabeth a trancou. Agora que estava sozinha ela aproveitou para dar uma boa olhada no aposento. Tratava-se de uma pequena sala com cerca de metade do tamanho do quarto onde ela e Klaus estavam hospedados. O chão era de mármore, provavelmente para evitar que se estragasse facilmente, e as paredes de madeira haviam sido forradas com papel de parede azul claro.  Ela despiu-se e mergulhou na banheira que ficava em um dos cantos, a água estava morna e muito agradável, provavelmente a espera fora para que aquilo fosse preparado. “Então este é o tipo de tratamento pelo qual Klaus paga... Os serviços dele devem ser tão caros quanto a conta da estalagem...”, tendo isto em mente ela mergulhou a cabeça na banheira. “Preciso contar a ele...Mas como?”.

    Klaus retornou ao quarto, Elizabeth ainda não retornará, então ele aproveitou a oportunidade, tirou do boldo uma pequena caderneta de capa negra, pegou uma pena que estava no armário e fez algumas anotações, ele se distraiu com aquilo até que alguém bateu a porta, ele se levantou e ao abri-la deparou-se com Amanda, que carregava um colchão.
-Vim trazer a cama extra.
Klaus limitou-se a sorrir e dar passagem. A rapariga entrou e rapidamente arrumou as coisas, fazendo com que o colchão estivesse separado da cama pela mesa, dando certa privacidade tanto a quem ficasse nele quanto a quem ficasse na cama. Terminando de aprontar o quarto Amanda foi até a porta, fitou Klaus com um malicioso sorriso no rosto e lhe falou num tom doce, porem provocante.
-Não vá fazer nada com a menina durante a noite em, ela é só uma criança.
Klaus gargalhou.
-Eu não faria nada com ela, primeiramente por meu censo de ética jamais permitir que eu fizesse algo com alguém tão jovem, segundo por ela não me despertar nenhum desejo...
Ao ouvir estas palavras Amanda se aproximou de Klaus, o bastante para beijá-lo se assim desejasse, seus olhos verdes estavam carregados de malícia e sua voz doce soava sedutora.
-E se for uma mulher mais velha, será que seu censo ético lhe impediria de fazer alguma coisa? Ou talvez você também não sinta nenhum desejo....
Klaus teve de desviar os olhos, ele sabia melhor do que ninguém o quão perigoso era o verde daqueles olhos. Ele a fasta ou delicadamente.
-Perdão Amanda... Estou a serviço... Então sugiro que você se afaste ou acabarei por quebrar meu próprio código de conduta...
Ela sorriu, afastou-se e foi até a porta, parando frente a ela por alguns instantes.
-Você e seus códigos de conduta... Bem, se precisar de algo chame, virei especialmente para você.
Klaus limitou-se a sorrir para ela.

    Elizabeth terminou seu banho, secou-se e foi direto para o quarto, cruzou com Amanda no corredor, aparentemente ela estava saído do quarto de Klaus, ela aproveitou para entregar-lhe a chave.
-Aqui esta Amanda, a chave da sala de banho.
Amanda pegou a chave e sorriu amavelmente, mas não disse nada. Elizabeth seguiu para o quarto, onde encontrou Klaus que estava em pé próximo a porta, aparentemente um pouco desconcertado.
-Esta tudo bem?
Ele pareceu voltar de repente de algum lugar distante, abrindo um sorriso para tentar disfarçar.
-A...Sim, sim, esta tudo bem... Vamos jantar?
Elizabeth baixou a cabeça.
-Antes acho que devemos conversar... E é melhor que seja aqui mesmo...
Klaus manteve-se sorrindo, mas agora era um sorriso um tanto quando carregado de seriedade.
-Se prefere assim... Também tenho algumas perguntas...
    Cada um sentou-se em uma das cadeiras, Elizabeth envolveu-se nos próprios braços, como se quisesse se proteger de algo, enquanto Klaus debruçou-se sobre a mesa.
-E então mocinha, o que você deseja conversar?
Ela desviava o olhar, não conseguia encará-lo, não depois de enganá-lo até aquele ponto.
-Eu bem... Sobre o contrato... Existe algo que eu não lhe contei...
-E o que seria?
Elizabeth se encolhe ainda mais.
-É que eu... Bem...-Respira fundo e prossegue- Eu não disponho de nenhum dinheiro para pagá-lo...
Klaus simplesmente deixou morrer o sorriso e a encarou inexpressivo.
-Eu já imaginava...
Ela finalmente tomou coragem e com os olhos cheios de lagrimas encarou-o.
-Então por que me trouxe até aqui...
Ele se manteve serio, mas suas palavras carregavam certa compreensão.
-Por que mesmo que eu desejasse mandá-la embora isso não seria possível sem deixá-la descansar, suas roupas também estavam demasiadamente estragadas, então lhe dei de presente estas novas.
Ela mais uma vez desviou o olhar e se encolheu na cadeira.
-Então você realmente pretende me mandar embora...
-Seria o normal a se fazer...
Os olhos de Elizabeth se encheram de lagrimas, ela esqueceu toda a timidez e qualquer pudor, levantou-se repentinamente e falou em meio aos soluços do choro.
-Mas eu... Eu posso pagar de outra forma! Deve haver algo que você precise... Uma serva talvez? Eu poderia servi-lo... Poderia fazer qualquer coisa... Eu até mesmo seria su...
Klaus também levantou-se e colocou delicadamente o dedo indicador em sua boca, silenciando-a.
-Jamais diga estas palavras por um motivo tão banal...
Dizendo isso ele torna a sentar-se.
-Antes que eu diga se irei ou não pegar o serviço permita-me uma pergunta... Por que você quer que esta bruxa seja derrotada? Eu sei que ela dominou sua vila, mas quero saber se há alguma razão além desta.
Elizabeth enxugou as lagrimas e se recompôs.
-Ela lançou um feitiço sob os habitantes de minha vila... Nenhum de nós sabe exatamente o que este feitiço fez, mas deis de que ela chegou as pessoas perderam seus sonhos... Eu não me incomodaria se ela nos escravizasse, nos torturasse ou nos matasse... Mas roubar nossos sonhos é cruel demais...
Klaus fechou os olhos em sinal de que estava ponderando, ficou assim, em silêncio por algum tempo, tempo este que para Elizabeth foi como a eternidade.
-Roubou os sonhos dos habitante é...
-Si...Sim...
-Entendo... Então é uma “fada do sono”....
-Fada do sono?
-Sim, um tipo de bruxa que usa feitiços voltados ao roubo de sonhos ou que causa pesadelos... Creio que é uma dessas....
-Entendo... Mas....
Klaus abriu um sorriso e afagou carinhosamente os cabelos dela.
-Uma fada do sono não há de me dar muito trabalho, então irei aceitar seu pedido, principalmente ao ver o quanto você quer salvar sua vila!
Elizabeth o encarou, ela não acreditou no que ouvia. A felicidade a dominou num rompante, fazendo-a abrir um maravilhoso sorriso, tão belo que fez com que Klaus acabasse encabulado. “Ele realmente é como eu imaginei...”. Klaus sorriu em retorno, tendo de desviar um pouco os olhos, pois a beleza e sinceridade daquele sorrio lhe eram perigos.
-Não há motivos para que eu não aceite... Até por que você acaba de me pagar... Este sorriso vale por todos os gastos que eu venha a ter...
Elizabeth não foi capaz de se conter e lançou-se sob Klaus, abraçando-o.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

#5 O olho do gato capítulo5:O homem na Bota Furada e a amiga Gisela

    Eoeo, post "ilustrado" finalmente (ok, na verdade ele não é ilustrado, ele contme uma ilustração), amanhã o caçador de bruxas, ou uma versão revisada e ampliada ou um capítulo novo.Savvy?

    Como de costume aquela hora a estalagem já estava cheia, muitos dos hospedes e moradores da cidade optavam por tomar o desjejum ali, uma vez que a taberna da estalagem era uma das melhores da cidade. Teana escolheu uma das mesas, a mais próxima do balcão que estava disponível, e sentou-se, não demorou até que Amanda, uma das raparigas que trabalhava na estalagem, viesse atendê-la.
-Bom dia Teana, o que vai querer hoje?
Teana a admirava, ela era belíssima, alta, cabelos castanhos, pele clara e olhos verdes. Todos os rapazes da cidade a desejavam, o que causava grande inveja nas outras meninas.
-Acho que vou querer o de sempre.
Amanda sorri com a resposta, se vira e vai até o balcão.
    Enquanto espera por seu desjejum Teana observa as pessoas a seu redor, era uma ótima forma de se passar o tempo e sempre era possível ver pessoas diferentes, mas naquela manhã em especial Teana deparou-se com seu objeto de estudo favorito. Ela não sabia seu nome, mas ele era um frequente cliente da estalagem e provavelmente um grande Amigo de Laurence, o dono da Bota Furada. Ele era um rapaz alto, cerca de 1,92m de altura, não devia ter mais de 25 anos de idade, cabelos negros até os ombros e sempre bagunçados, olhos verdes e sempre a mesma vestimenta, um longo casaco negro de couro. Teana o admirava a distância, embora tivesse uma atmosfera um tanto quanto assustadora ele sempre trazia um sorriso no rosto, como se estivesse sempre feliz. Naquela manhã ele sorria como sempre, mas pela primeira vez ele tomava o desjejum acompanhado, quem estava com ele era uma menina, praticamente uma criança, não devia passar dos treze anos, estava sentada mas sua baixa estatura era visível, seu cabelos eram longos e castanhos, e sua pele clara, algumas sardas no rosto, mas o que mais chamava atenção era o vestido azul, provavelmente obra de Verônica, a maior costureira da cidade. Enquanto os observava Teana percebeu que a garota conversava tranquilamente com ele, o que lhe causou certa inveja, mas logo que seu desjejum chegou ela esqueceu a cena que até então observava.
-Leite adocicado com mel e mingau de aveia com néctar da Flor de Caius, deseja mais alguma coisa ou apenas isso Teana?
Teana sorri para Amanda que deixava a bandeja na mesa.
-Só isso, muito obrigada Amanda.
-Não há de que.
Amanda deixou a bandeja e saiu para atender alguma das outras mesas. Teana ocupou-se de tomar seu desjejum.
    Ela deixou a estalagem assim que terminou o desjejum, direcionando-se diretamente a casa de Gisela, que ficava a poucas quadras dali. A entrada era uma pequena porta, quase escondida em meio as as entradas de lojas e portas para outras casas. Teana bateu a porta e não demorou para que Gisela a abrisse. Gisela era a melhor amiga de Teana, uma moça jovem, de cabelos ruivos não muito longos, curvas avantajadas e belos alhos azuis. Era tão bonita quanto Amanda, mas sua personalidade controladora e desconfiada afastava os rapazes, teana era uma das poucas pessoas que eram próximas dela. Teana reparou no vestido verde da amiga, ele devia ser novo, pois era a primeira vez que ela a via usando-o.
-Bom dia Gisela!
A moça se mostrou um pouco surpresa.
-Bom dia Teana, não esperava que viesse tão cedo.
Teana sorriu.
-É que hoje tenho algo a contar!
-Pois então entre!
    Dentro da casa de Gisela as duas se dirigiram ao quarto dela, onde costumavam conversar. Era um comodo pequeno, com uma cama, uma comoda, um sofá e uma grande janela que dava para a rua. Teana sentou-se na cama, como sempre fazia, enquanto Gisela preferiu acomodar-se no sofá.
-E então, o que você tem de tão interessante para contar a ponto de vir tão mais cedo do que o habitual?
Gisela estava muito curiosa a respeito, principalmente vendo o sorriso de Teana, mas mantinha a compostura de desinteressada.
-Eu encontrei um ser sobrenatural!
Gisela precisou digerir aquelas palavras por alguns momentos.
-Um ser sobrenatural? Como o que? Uma fada ou coisa assim?
Teana balançou negativamente a cabeça.
-Não não, algo muito mais interessante do que uma fada!
Gisela deixou morrer a compostura.
-Então o que foi que você encontrou de tão fascinante?
-Um gato!
Mais uma vez Gisela teve de digerir as palavras por algum tempo até entender que Teana se referia não ao animal gato, mas sim aos gatos citados nas lendas e livros infantis.
-Tem certeza que não era apenas alguém tentando enganá-la? Isso não seria la muito difícil, principalmente em se tratando de você...
Teana ficou um pouco chateada com aquelas palavras.
-Tenho sim... Nenhum humano seria capaz de fazer aquilo...
Gisela ficou um tanto quanto preocupada.
-Aquilo o que?
Teana animou-se, ela estava a espera daquela pergunta.
-Desaparecer em pleno ar, como se sue corpo fosse feito de uma fita que se desenrola e depois reaparecer da mesma forma!
Gisela assumiu uma expressão muito seria, Teana conhecia aquela face de Gisela, aquilo significava que algo a incomodava, e muito.
-O que foi Gisela...?
Gisela levantou-se, foi até Teana e tomou suas mãos.
-Teana, você tem de me prometer que jamais se encontrará com ele novamente!
Clique na imagem para ampliar

quarta-feira, 18 de maio de 2011

EOEO Estamos devolta

Conforme o prometido (uma semana depois mas ta valendo né...) a partir de hoje voltarei a postar no blog (aleluiaaleluiaaleluia). Amanhã o capítulo ilustrado do olho do gato que eu prometi a bastante tempo ja. Hoje, pra não passar em branco, um pensamento mundano:

Cantem meus pequenos pássaros da tempestade, para que vossas cantigas pintem o mundo com as nuvens cinzas de chuva na qual com ela irei me encontrar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Pausa

Por onta de um projeto no qual me meti não haverão novos capítulos nem do olho do gato nem do caçador de bruxas até quarta.Savvy?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

2#Post Especial: Caçador de Bruxas Cap.2-Revisado e Ampliado

    Post especial hoje galera, Caçador de Bruxas revisado cap. 2: Roupas novas. Amanhã vai ter post especial do olho do gato, o capítulo 5, que virá acompanhado de ilustrações.Savvy?

    Klaus bateu na porta, após alguns momentos uma senhora abriu-a. Ela tinha baixa estatura, o rosto marcado pela velhice e caminhar um pouco curvado, mas não deixava de ser elegante. Ela trajava um vestido negro composto por diversas camadas e tinha os longos cabelos grisalhos presos m um coque por um alfinete dourado. Ela sorriu amavelmente ao ver Klaus.
-Ora se não é o famoso caçador. Achei que já não tinha mais tempo para visitar sua velha amiga.
Klaus sorriu ternamente.
-É bom ver que você esta saudável Verônica.
Em seguida ela se voltou para Elizabeth, olhou-a de cima a baixo, sorriu e voltou-se novamente para Klaus.
-Então arranjou uma namorada? Ela é bem bonita... Mas não é muito nova?
Elizabeth corou, ela não foi capaz de reagir, ela queria dizer que aquilo era um engano, mas estava envergonhada demais para fazê-lo. Quem reagiu foi Klaus, que limitou-se a coçar a cabeça envergonhado e soltar um sorriso desconcertado.
-Não.. Não é nada disso... Ela é minha contratante...
Verônica mais uma vez encarou Elizabeth, dessa vez de maneira mais demorada e minuciosa. Chegou mais perto, parecia pensativa.
-Não, não, não... Isso não esta bom mocinha... Precisamos dar um jeito nessas roupas, você não será levada a serio como a contratante de Klaus andando por ai com estes trapos! Venha, vamos entrar. -ela olhou para Klaus- Isso inclui você
    Os três entraram na loja, para Elizabeth aquela fora uma experiência única que revivera toda a animação inicial que ela teve ao ver a silhueta da cidade. Todo um mundo de roupas e apetrechos se encontrava dentro daquele lugar, prateleiras continham centenas de vestidos de todas as cotes, cabides continham os mais variados tipos de casacos e coletes, nas bancadas suportes carregavam chapeis coloridos, toda aquela diversidade de coisas fazia com que aquela pequena loja parecesse infinita. Verônica indicou a Klaus uma cadeira estofada que estava em um dos cantos da loja.
-Sente-se Klaus, eu irei levar esta menina até os fundos, você espera aqui, prometo traze-la de volta quando arrumar roupas que lhe sirva bem.
Klaus foi até a cadeira e sentou-se, olhou para Elizabeth e sorriu. Ela estava tão maravilhada que sequer foi capaz de esboçar qualquer reação, sequer estava completamente ciente do que estava acontecendo. Verônica pegou sua mão com delicadeza e sorriu  amavelmente.
-Vamos mocinha, as melhores roupas estão la atrás, e conhecendo Klaus, ele não aceitaria que eu lhe desse qualquer outra coisa senão o melhor.
    Verônica guiou Elizabeth para os fundos da loja onde havia uma pequena sala contendo os mais diversos tipos de roupas, quase tantas quanto na própria loja, algumas prontas e outras ainda nos manequins de costura.Elizabeth finalmente caiu em si, Aquela era uma loja de roupas, só havia uma coisa que ela poderia estar fazendo ali. Por um momento se envergonhou de suas próprias roupas, surradas e puídas por conta da viagem, mas logo depois sua preocupação tornou-se outra, quem iria pagar pelas roupas?
-Senhora Verônica...
Verônica voltou-se para Elizabeth com olhar interrogativo.
-Algum problema menina?
-Desculpe-me... Mas quem irá pagar pelas roupas?
Verônica sorriu.
-Não se preocupe, Klaus dará um jeito nisso.
-Mas...
-Mas nada, não se preocupe com isso, por hora apenas aceite o presente, e se realmente quer agradecer a Klaus trate de ficar bonita.
Elizabeth corou.
-Si...Sim...
Verônica abriu uma gaveta da estante e dela tirou uma fita métrica.
-Terei de tirar suas medidas, importa em despir-se?
Elizabeth fez que sim com a cabeça, ela abriu os botões do vestido e deixou-o cair no chão. Começou a desatar os nós do espartilho branco, mas foi detida por verônica.
-Tirar apenas o vestido já basta, você pode ficar com o espartilho...-Ela deu uma boa olhada no corpo mirrado de Elizabeth, prestando muita atenção no espartilho finamente trabalhado.- Quem via suas roupas não esperaria por uma peça tão fina...Você deve ter passado por bons bocados...
-Sim...
    Levou cerca de uma quinze minutos para que Verônica terminasse de tirar as medidas de Elizabeth.
-Pode descansar agora, irei procurar por boas roupas que lhe sirvam ou possam ser facilmente ajustadas.
Elizabeth se sentou em uma cadeira que estava próxima, Verônica vasculhou as prateleiras e cabides, pegou deles um vestido azul escuro e outro preto, ambos simples mas visivelmente muito bem feitos.
-Experimente-os.
Elizabeth vestiu ambos, serviram perfeitamente e ela se daria por satisfeita em tê-los, mas Verônica ainda parecia insatisfeita, então voltou as prateleiras e cabides e dessa vez pegou deles uma faixa vermelha trançada e um colete branco de seda.
-Tente usar a faixa em conjunto com o vestido azul e o colete com o vestido preto.
Elizabeth o fez, Verônica sorriu mas ainda parecia irrequieta.
-Daremos um jeito em seus cabelos agora.
Mais uma vez Verônica abriu a gaveta, tirou dela algumas fitas e um pente. Ela arrumou os cabelos de Elizabeth como pode e entregou para ela uma fita vermelha.
-Guarde esta e use-a quando quiser impressionar Klaus. Agora vista o vestido azul, não se esqueça da faixa trançada... Iremos mostrá-lo a Klaus.
-E quanto ao vestido preto?
Verônica sorriu.
-Não o mostre a Klaus ainda, seria melhor guardá-lo para uma ocasião mais especial.
Elizabeth corou, ela não entendeu muito bem por que ficou envergonhada ou por que Verônica lhe disse aquilo, mas decidiu concordar.
        As duas voltaram para a primeira sala e encontraram Klaus ainda sentado, ele olhava para um ponto fixo no espaço completamente perdido em seus pensamentos. Verônica foi até ele e apertou suas bochechas.
-Não é educado não prestar atenção quando uma bela moça entra no recinto Klaus.
Klaus imediatamente voltou ao “mundo real” e olhou ao redor, repousando a visão sobre Elizabeth. Ele a observou por alguns momentos, ela realmente estava muito bonita, agora que já não trajava as vestes de viagem ele pode perceber o quão bonita ela realmente era. “Ela vai ser linda quando for mais velha...”. Elizabeth percebeu que Klaus a observava, se encolheu sobre si mesma e corou. Verônica soltou uma sonora gargalhada.
-Como eu pensei, ela realmente é o seu tipo não é mesmo Klaus?
Klaus apenas riu desconcertadamente.
-Bem... E quanto vai me custar tudo?
Verônica sorriu.
-Não seja tolo! A divida de gratidão que eu tenho para com você é algo que o valor de todas as peças de roupa desta loja juntas não pode pagar, além do que, mesmo que não fosse um pedido seu eu daria de bom grado minhas criações a uma menina tão bonita.
-Bem, então nós já vamos...
Verônica entregou a Elizabeth uma bolsa com as outras peças de roupa e despediu-se, em Klaus ela deu um abarco que ele retribuiu.
-Volte quando puder.
-Pode deixar...

    Klaus e Elizabeth voltaram a perambular pela cidade, ela caminhava orgulhosa de suas roupas novas, ela estava feliz com elas, principalmente quando percebeu que aquelas roupas chamaram a atenção de Klaus. Ela não sabia por que, tinha encontrado aquele homem a poucas horas, mas já sentia que podia confiar nele, queria estar perto dele, mas ainda havia uma preocupação, ela não contara a ele qual a real natureza do trabalho e não tinha nenhuma certeza de que ele iria aceitar o trabalho depois que ele soubesse de tudo.
    Ambos seguiram caminhando, hora por ruas largas, hora por vielas estreitas, continuaram até chegarem a um beco sem saída onde haviam algumas casas, uma delas com luzes acesas e musica animada. A placa dizia “Estalagem Bota Furada”, o nome era um tanto quanto pitoresco, mas parecia ser um local muito aconchegante. Os dois entraram, no hall de entrada havia um balcão de atendimento, uma porta que aparentemente levava a taverna e uma escadaria. Não havia atendente, então Klaus tocou o pequeno sino que estava acima do balcão, logo um homem apareceu para atende-los. Era um senhor que já deveria ter cerca de cinqüenta ou sessenta anos, tinha ombros largos, cabelos castanhos acinzentados bem cortados e barba bem aparada, ele trajava roupas simples de couro curtido. Ao ver Klaus o homem sorriu.
-KLAUS! A quanto tempo velho amigo!
-A quanto tempo Laurence!
-E então? Veio finalmente visitar a cidade? Achei que você nunca mais fosse sair daquele chalé empoeirado!
-Muito engraçado Laurence, mas não, estou aqui a trabalho, você sabe muito bem que eu não saio do meu chalé empoeirado sem ser a trabalho.
Laurence deixou escapar uma sonora gargalhada.
-Realmente, um preguiçoso que jamais deixa seu chalé!
Klaus apenas riu.
    Laurence que até então dera atenção apenas a Klaus voltou-se para Elizabeth, encarou-a por alguns instantes e depois sorriu.
-É bem raro ver você acompanhado de uma mulher...
Elizabeth acanhou-se, Klaus pareceu ignorar aquele comentário.
-Bem... Tratemos de negócios Laurence, eu gostaria de um quarto para esta noite.
Laurence pareceu surpreso.
-Um quarto? Mas você já não tem um?
-Sim, mas não creio que eu deva dividi-lo com ela...
-E quanto ao seu chalé?
Klaus apenas apontou para a porta que levava até a rua, Laurence deu uma boa olhada e pode reparar que o dia estava em seu limiar, em poucos minutos a noite teria inicio.
-Compreendo... Então já passamos das oito horas... Bem... Sinto informar mas não temos mais nenhum quarto vago... Permite-me uma pergunta?
-Claro.
-O quarto seria para a mocinha?
-Obviamente.
Laurence deixou escapar uma sonora gargalhada, depois olhou Klaus com um sorriso malicioso.
-Tem certeza de que não quer dividir o quarto com esta belezinha?
Klaus fez uma expressão debochada, porem assustadora, e começou a estralar os dedos das mãos.
-Você esta me dizendo que eu sou o tipo de pessoa que faria algo com uma criança ou esta me dizendo para fazer algo com uma criança?
Laurence recuou um pouco.
-Eu estava brincando...!Mas realmente não temos quartos vagos... O maximo que posso fazer por vocês é pedir a minhas meninas que adicionem uma cama ao seu quarto...
Klaus pareceu pensativo e voltou-se para Elizabeth.
-Esta tudo bem assim para você?
Elizabeth pensou por alguns momentos, não era muito confortável dividir o quarto com um completo estranho, principalmente sendo um homem, mas a situação era favorável, ela poderia vir a se aproveitar disso para ter uma conversa mais reservada com Klaus.
-Sem problemas...
Klaus sorriu e tornou a voltar-se para Laurence.
-Mande colocarem a cama extra, vamos dividir o quarto.
Laurence sorriu.
-Imediatamente!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

#4 O olho do gato capítulo4:O lobo que tudo sabe


    Teana abriu e fechou a porta o mais silenciosamente possível, subiu as escadas na ponta dos pés, entrou em seu quarto e fechou a porta atrás de si. Como não encontrou ninguém no caminho concluiu que seus pais ainda dormiam, o que a deixou aliviada, ela ensaiara muitas vezes uma desculpa por sair de casa tão cedo com aquele tipo de vestimenta mas tinha certeza de preferir não usar tal desculpa. Jogou a coberta na cama, deixou cair a camisola e foi até o armário, tirou dele um vestido simples, de mangas longas e cor marrom, vestiu-o e foi até o lavatório. Lavou o rosto, ajeitou os cabelos, prendeu-os com um fita vermelha e saiu. Mais uma vez desceu as escadas, mas desta vez não se preocupou em não fazer barulho, foi até a cozinha e deixou um bilhete, “fui até a feira matinal, irei almoçar com Gisela, portanto não esperem-me para o almoço”. Pegou uma cesta vazia que estava na cozinha, calçou os sapatos que estavam ao lado da porta de entrada e saiu.

    Recostada a parede do beco estava uma mulher, ou o que deveria ser uma julgando as curvas visíveis, com o corpo recoberto por uma capa negra e o rosto oculto por um capuz. Ela parecia esperar por alguém, mas ainda era cedo e não havia ninguém nas ruas, exceto um alto e magro homem de cabelos brancos, cartola, terno surrado e bengala em mãos. Ele foi até o beco e fez uma mesura perante a mulher.
-A quanto tempo Eliza...
Ela fez sinal para que ele a segui-se. Os dois caminharam pelo beco até chegarem a uma pequena porta, a mulher a abriu e convidou-o para entrar. Era um aposento pequeno, contendo apenas uma mesa e duas cadeiras. A iluminação fraca era proveniente de duas velas acesas sobre a mesa. Os dois entraram, a mulher fechou a porta e trancou-a. Ele sentou-se em uma cadeira e ela livrou-se da capa. Era uma bela mulher, cabelos castanhos encaracolados amarrados em um coque, curvas avantajadas e pele branca. Ela trajava um longo vestido negro com diversas fitas brancas entrelaçadas nele, o conjunto era magnifico, mas o que chamava mais atenção eram os olhos azuis claros, semelhantes aos de um lobo. Ela também sentou-se.
-Bela como sempre...
Ela sorriu.
-Agradeço o elogio Scrödinger... Mas diga caro rei, o que o trás a mim? Foi um chamado deveras repentino...
Ele retirou a cartola e deixou-a sobre a mesa.
-Bem, também foi inesperado para mim... Mas eu estou realmente precisando das informações coletadas pela minha querida informante.
Ela gargalhou e debruçou-se sobre a mesa.
-E o que o rei gostaria de saber desta vez?
-Teana Einzburn, algo a dizer sobre ela?
Eliza rodou os olhos em sinal de que estava tentando recordar-se de algo.
-Teana... Bem, o que dizer sobre ela... Um pouco avoada para a idade mas é bastante querida pelas pessoas da vila, ajuda bastante os pais e é um tanto popular entre os rapazes.
Scrödinger pareceu pensativo, ele esboçou uma expressão indecifrável e fez alguns momentos de silencio antes de prosseguir.
-Então... Acha que ela serve?
Eliza voltou a postura correta e fitou Scrödinger com uma meiga expressão de curiosidade.
-Pretende entregar uma gema para ela?
Scrödinger sorriu.
-Exatamente!

    Teana chegou ainda bem cedo, haviam poucas barracas da feira já abertas, a grande maioria dos feirantes ainda estavam arrumando seus estandes. Ela já sabia que era ainda muito cedo, mas foi de propósito que ela chegou naquele horário, do contrário, ela não poderia apreciar o delicioso café da manhã em sua estalagem favorita, a “Bota Furada”.

terça-feira, 3 de maio de 2011

#37Caçador de Bruxas-Capítulo 36-O Terror que ainda não veio


    Elizabeth dormia tranquilamente no colo de Klaus. A menina estava sentada ao lado dele, brincando com as pétalas que caiam das cerejeiras.
-E então, o que achou dela Klaus?
-Bem, ela não lançou o feitiço tão bem quanto deveria, precipitou-se em usá-lo e acabou queimando mais energia do que dispunha, fez uma mira deplorável... Mas até que ela percebeu bem rápido que podia usá-lo... Eu não esperava que ela entendesse tão rápido que podia controlar o sonho...
A menina sorriu.
-Ela foi tão rápida quanto você...
-Talvez.
A menina transformou o sorriso em seriedade.
-Mas diga... O que ela faz aqui? Ainda não entendi por que Verônica a deixou entrar...
Klaus coçou a cabeça com uma das mãos.
-Bem...É uma história complicada...
-Temos bastante tempo... Ela não vai acordar tão cedo.
-Tudo bem... Se você quer saber, não há por que não contar... Você se lembra da noite em que eu vim aqui? Bem, aquela foi a noite anterior a minha partida... Você também deve se lembrar do meu aviso...
-Sim... Você disse qualquer coisa sobre a possibilidade de ativar o plano de emergência...
-É... Dessa vez eu teria de levá-la, a cliente, comigo...
A menina deixou algo próximo ao desespero tomar conta de seus olhos.
-Espere... Então se ela esta aqui quer dizer que ela...
Klaus baixou a cabeça e fechou os olhos.
-Sim... Ela foi exposta ao “Izual”...
A menina encarou Klaus com olhos cheios de medo, ela se levantou e afastou-se um pouco.
-Ela ainda não teve nenhuma reação?
-Aparentemente não...
A menina suspirou aliviada mas manteve a seriedade.
-E o que você pretende fazer se ela não vencer?
Klaus mais uma vez fez a terrível expressão de seriedade, a mesma que tanto aterrorizava Elizabeth.
-Ai eu irei matá-la com minhas próprias mãos...

    Elizabeth abriu lentamente os olhos, ela agora estava mais uma vez no jardim de Verônica, que a encarava sorridente.
-Voltou mais cedo do que eu esperava...
Elizabeth sentia uma forte dor de cabeça, levantou-se com a ajuda de Laurence.
-Parece que eu adormeci no sonho... Eu não esperava que isso me fosse me fazer acordar...
Verônica sorriu.
-Nem tudo acontece como planejamos... Mas e então, como foi la?
-Eu ainda não consegui pegar a maçã... Mas já consigo usar a lâmina de pétalas... Mas acho que só funciona la dentro...
Laurence riu.
-Quase tão rápido quanto Klaus!
Elizabeth votou-se rapidamente para ele.
- É mesmo! Quase me esqueci... Klaus estava la!
Verônica e Laurence a olharam surpresos.
-Klaus?
-Sim...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

#3 O olho do gato capítulo3:Promessa

   
    Teana e Scrödinger ficaram entreolhando-se por alguns momentos, ela o olhava com grande interesse e curiosidade, um dos grandes sonhos de sua vida era encontrar uma entidade sobrenatural e agora ela tinha uma bem a sua frente e não uma qualquer, era o legendário gato, o rei de todos os imortais. Ele por sua vez a encarava com curiosidade, ele não podia deixar de pensar nas palavras que Folks proferirá antes dele partir, seria aquela garota a quem ele procurava? Apenas o fim da conversa diria.
-Então você é um gato... E o que veio fazer aqui?
Ele sorriu ternamente.
-Eu procuro por alguém.
-E quem seria?
-Não sei.
-E como saberá se encontrar essa pessoa?
Ele levou um tos dedos ao queixo e olhou para o céu.
-Bem... Esta é uma boa pergunta... Acho que provavelmente a pessoa que eu procuro é a primeira que eu encontrar...
Os olhos de Teana brilharam e mais uma vez ela se esqueceu dos pudores e se aproximou mais de Scrödinger do que as boas maneiras permitiam, mas desta vez ele não a afastou.
-Então você procura por mim?
Ele a olhou nos olhos e abriu um misterioso sorriso.
-Provavelmente.
Teana encarou aquele sorriso sem compreender o que ele queria dizer, ela não sabia se havia malicia ou felicidade naqueles lábios.
-E então, o que acontece agora que você encontrou quem procurava?
Ele desviou o olhar para além da colina, para algum lugar visível apenas para olhos imortais.
-Quem sabe, eu diria que tudo depende da pessoa que foi encontrada.
Teana se afastou e olhou para o céu pensativa.
-E o que você espera desta pessoa?
Ele tornou a olhar para ela.
-Bom, ainda é cedo para dizer, talvez eu precise de um dia para ponderar...
Teana agarrou a manga da camisa de Scrödinger.
-E como você pretende me encontrar?
Ele sorriu e afagou os cabelos dela.
-Simples minha jovem, esteja aqui a esta mesma hora amanhã e eu trarei uma resposta.
Ela sorriu.
-Eu estarei aqui!
Ele gargalhou e bateu palmas.
-Ótimo! Então temos um acordo... Qual seria o seu nome?
Ela soltou a coberta, não se importava mais em ser vista de camisola, afinal, ele não era humano, e se desejasse causar algum mau já o teria feito. Baixou a cabeça e fez uma extravagante mesura.
-Teana Einzburn a seu dispor majestade!
Ele sorriu e deu as costas para ela. Mais uma vez seu corpo pareceu desenrolar-se como uma fita e desaparecer.
-Então até amanhã, Teana Einzburn...

    Teana desceu a colina cantarolando, ela estava feliz, muito feliz. Como se assistir ao nascer do sol já não fosse um espetáculo maravilhoso ela ainda encontrou Scrödinger e além de tudo isso ele ainda procurava por ela, ela, em meio a tantos humanos ele acabou encontrando ela. Nada podia ter  saído melhor naquela manhã, tudo o que restava fazer era ir até a casa de Gisela e relatar a ela o acontecido.

domingo, 1 de maio de 2011

#36Caçador de Bruxas-Capítulo 35-Lâmina de Pétalas

    Elizabeth ficou boquiaberta, aquilo era ridículo, como ela iria pegar a maçã da menina se ela estava ali, flutuando a dez metros de altura? Não seria possível chegar até la sem asas, talvez se ela estivesse mais próxima as cerejeiras, mas aquele lugar era uma clareira.
-Isso não é justo!
A menina gargalhou.
-Não é possível? Mas é claro que é, basta usar a Lâmina de Pétalas para derrubar a maçã!
Teana fez cara de chateada.
-Mas como vou fazer isso se eu preciso comer a maçã para aprender a magia?
-Você vai ter que se virar com isso.
    Elizabeth sentou-se, cruzou os braços, fechou os olhos e começou a meditar. Ela precisava encontrar uma forma de usar aquele feitiço, mas como? Ela só poderia usá-lo depois de comer a maçã, antes disso ela não saberia quais palavras usar para evocá-lo. Ela permaneceu ali sentada por quase uma hora, pensando em como iria usar a lâmina de pétalas sem comer a maçã até ter uma idéia. Ela lembrou-se de que estava dormindo, portanto aquilo deveria ser um sonho, mesmo que ela estivesse no mundo da macieira ainda era um sonho, um sonho dela, portanto ela poderia fazer o que bem desejasse. Ela se levantou com um sorriso vitorioso estampado em seu rosto, encarou a menina que flutuava acima dela, apontou dois dedos para ela e entoou a plenos pulmões.
-”Que neste sonho que é meu domínio as cerejeiras obedeçam meu chamado e que suas pétalas me permitam atacar com a força necessária para a maçã derrubar...Quarta invocação da canção destrutiva: Lâmina de Pétalas!”
    As pétalas que caiam das cerejeiras pareceram se agrupar e uma luz rosada as envolveu. Quando uma grande quantidade delas já estava reunida Elizabeth rapidamente baixou o braço e a luz, juntamente com as pétalas, tomou a forma de uma lâmina e foi em direção da menina, que acabou por desviar.
    A menina gargalhou e encarou Elizabeth com um largo sorriso no rosto, Klaus fez o mesmo.
-Muito bom, agora você só precisa aprender a usá-lo direito.
Elizabeth sorriu.
-Pode deixar, não vou errar o próximo...
Ela mau terminou sua frase e cambaleou, perdeu o equilíbrio e teve sua queda aparada por Klaus, que precipitou-se para segura-la.
-Desculpe Klaus... Eu devo ter me distraído...
Ele sorriu.
-Não seja boba, desculpas não vão adiantar nada, é seu primeiro feitiço, é claro que esta cansada...
Ela se aninhou nos braços dele e se entregou ao sono, deixando palavras distorcidas por um bocejo escaparem antes de adormecer.
-Se não preciso de desculpas deixe-me dormir....

sábado, 30 de abril de 2011

#2 O olho do gato capítulo2:Teana e o Gato

   
    O galo cantou pontual, sua canção ecoou por toda a região e o sol obedeceu a seu comando, os raios de luz dourada não tardaram a iluminar a paisagem, pintando tudo de dourado. Teana amava aquele espetáculo e daquela colina ela tinha a mais privilegiada visão dele, sempre que podia ela ia até la para assisti-lo.
Findado o nascer do sol Teana sorriu alegremente, deitou-se em meio as margaridas e fechou os olhos, o sono veio e ela não ofereceu nenhuma resistência a ele, adormeceu.

Scrödinger seguiu para oeste como Folks lhe dissera para fazer. Caminhava lenta e despreocupadamente com um simpático sorriso estampado no rosto. O número de árvores foi reduzindo gradativamente até que se tornassem poucas, ele já não estava mais no bosque e a dita coluna estava visível. Ele suspirou e foi até la.
Abriu os olhos e deu de cara com um estranho. Era um homem de cabelos totalmente brancos, olhos azuis com pupilas verticais, terno negro surrado, cartola e uma bengala. Ele sorria para ela e a fitava nos olhos, por algum motivo ele tinha uma presença estranha, a sensação de estar com ele não era a mesma de estar com uma pessoa normal, era como se ele não fosse humano. Ela levantou-se rapidamente, afastou-se dele e apertou o cobertor ao redor de seu corpo, tentando impedir que aquele estranho a visse de camisola.
-Quem é você?
O estranho curvou-se respeitosamente, prestando reverência.
-Peço perdão, não tinha intenções de assustá-la...
Teana o encarou por alguns momentos, ele continuava a sorrir e seus olhos expressavam sinceridade. Ela suspirou, não havia muito o que fazer então era melhor descobrir o que ele queria para que ele fosse embora.
-Não se preocupe, apenas não esperava alguém por aqui tão cedo... Mas agora diga, quem é você?
Ele fez uma pomposa mesura.
-Eu sou humilde servo do céu estrelado, andarilho a serviço dos quatro ventos, senhor dos seres imortais e inimigo do rei da espada de ébano, eu sou Scrödinger, o gato.
Os olhos de Teana brilharam, por mais estranho que aquelas palavras pudessem soar elas faziam algum sentido, a estranha aura que ele emanava e os olhos verdes iguais aos de um gato. “Então ele é como os seres das lendas...”. Ela sorriu, aproximou-se um pouco dele com os olhos carregados da mais sincera curiosidade.
-Então você é um gato, como aquele das lendas?
Scrödinger riu.
-Não sei, isso dependeria de que tipo de lenda você escutou.
Ela deu mais um passo a diante, estando agora bem perto dele.
-Um ser imortal que não é nem humano nem fera que vaga pelo mundo com um proposito desconhecido... Este é você?
Scrödinger olhou para o alto e levou um dos dedos ao queixo em sinal de que estava pensando.
-É... Creio que esta história seja sobre mim...
Teana estava tão entusiasmada com aquilo que chegou ao ponto de colocar suas mãos sob os ombros de Scrödinger e aproximar bastante seu rosto do dele.
-SERIO!?
Scrödinger pareceu se incomodar um pouco com a proximidade, chegando a afastá-la delicadamente, ela quando percebeu se envergonhou por deixar-se levar e ter chegado tão perto de um homem desconhecido.
-Perdão... Deis de pequena fui apaixonada pelas lendas a respeito de seres sobrenaturais que acabei me deixando levar...
Ele sorriu amigavelmente.
-Não se preocupe com isso.
Teana encarou-o com olhar serio, ela acreditava nele, mas sabia que o mundo era um lugar cruel recheado com tofo o tipo de pessoa, era bem possível que ele estivesse mentindo.
-Permita-me perguntar senhor Scrödinger, mas antes que continuemos esta conversa eu preciso ter certeza de uma coisa...
-Pode perguntar o que quiser.
Ela fitou-o nos olhos.
-Como posso ter certeza de que você não esta mentindo?
Ao contrario do que ela esperava ele gargalhou.
-É muito bom ouvir esta pergunta, quer dizer então que os humanos ainda tem o bom senso de não acreditar em qualquer coisa que escutam por ai! Mas voltando a sua pergunta, creio que a única forma de responder seja mostrando a você o que faz de mim alguém que deixou de ser humano mas não chega a ser uma fera...
Scrödinger tirou a cartola e afastou os cabelos deixando suas orelhas a mostra, elas eram pontiagudas e alongadas com as pontas semi bifurcadas.
-E então, quer mais alguma prova?
Para Teana aquilo bastava, mas ela decidiu por a prova até onde Scrödinger era o que dizia ser.
-Isso não significa nada, você pode ter nascido com orelhas diferentes... Eu preciso de algo que me convença, algo que um humano jamais conseguiria fazer...
Scrödinger sorriu, ele parecia estar se divertindo com aquilo, quase tanto quanto Teana. “Preciso agradecer Folks mais tarde, ele estava certo quando me disse para prestar atenção em garotas com cabelos dourados”. Ela esperava ansiosa pelo que ele iria fazer, aquela situação era estranha, quase insana, conversar com um estranho com propósitos desconhecidos e discurso absurdo, mas ainda sim acreditava nele, alguma coisa a impelia a não duvidar.
Scrödinger fincou a bengala no chão e abriu os braços. Ele sorriu de maneira vitoriosa e fitou teana nos olhos.
-Preste bastante atenção mocinha, pois agora você terá de confiar em seus olhos e em sua própria sanidade.
Teana dedicou toda a sua atenção a ele. A principio nada aconteceu, mas não tardou a ocorrer algo impossível. Diante dos olhos dela o corpo de Scrödinger começou a sumir, parecia que ele era construído a partir de uma fita que agora se desenrolava. Não demorou até que ele tivesse desaparecido. Ela ficou impressionada, agora não restavam duvidas, qualquer conceito racional aceitaria que ele realmente era o que dizia ser.
-Tudo bem, eu acredito em você.
-Que bom, se isso não a convencesse eu não saberia o que fazer...
A voz veio de trás dela, ela virou-se e Scrödinger estava la, apoiado na bengala e sorrindo alegremente.
-Creio que agora possamos retomar o rumo original da conversa, estou certo?
-SIM!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

#35Caçador de Bruxas-Capítulo 34-Pegue a maçã


   A menina aplaudiu alegremente, sorrindo de maneira suspeita, ergueu uma das mãos, na qual surgiu mais uma vez a maçã.
-Primeiramente permita-me explicar mocinha, antes de mais nada você deve saber que eu não sou uma macieira qualquer, eu sou uma das trezentas macieiras plantadas pela deusa Rise ainda nos primórdios da existência do mundo, isso quer dizer que eu posso lhe ensinar apenas um feitiço.
Elizabeth sinalizou com a cabeça que havia compreendido, a menina prosseguiu.
-O feitiço que eu posso ensinar se chama “Lâmina de Pétalas”, é o de número quatro.
Elizabeth a encarou em duvida.
-E qual é a cantiga para invocá-lo?
A menina gargalhou.
-É isso o que você deve aprender ao comer a maçã, cada um cria sua própria cantiga ao comê-la, mesmo que eu lhe diga uma o feitiço não irá funcionar.
-E como eu consigo a maçã?
A menina sorriu maliciosa.
-Basta conseguir tira-la de minhas mãos!
Elizabeth riu.
-Então será fácil!
A menina e Klaus gargalharam em coro.
-Acha mesmo que é algo assim tão simples mocinha?
Klaus também se pronunciou.
-Acredite Elizabeth, é bem mais complicado do que parece...
-E por que seria assim tão difícil?
Klaus explicou sorrindo.
-Bem... Digamos que existem duas maneiras, a primeira é ser capaz de voar pois ela é...
-E a segunda?
-Ser capaz de usar a lâmina de pétalas para derrubar a maçã...
Elizabeth protestou.
-Mas assim será impossível! Como você pegou?
Klaus gargalhou.
-Bem, eu não sou capaz de voar... Então só sobrou uma forma...
A menina os interrompeu.
-Calma la moçinha, você deve conseguir isso sozinha! E então, esta pronta?
-SIM!
A menina levitou até atingir cerca de dez metros de altura.
-Pois então venha e pegue a maçã.

terça-feira, 26 de abril de 2011

#1 O olho do gato capítulo1:O vento que leva a colina do oeste

Conforme o que postei ontem ai esta, uma história "nova" (que na verdade é mais velha que o caçador de bruxas em sua idéia de origem).Originalmente era um roteiro para peça de teatro (na verdade ainda é) que decidi enrriquecer, espero que gostem.Savvy?

    Era ainda muito cedo, as estrelas ainda brilhavam no céu e a lua ainda repousava em meio ao colchão de estrelas quando Teana despertou. Sentou-se na cama e espreguiçou-se, levantou e foi na ponta dos pés até o lavatório. Encontrou a maçaneta da porta tateando no escuro, abriu-a e entrou no pequeno lavatório. Ascendeu uma das velas que estava sobre a pia e olhou-se no grande espelho que estava pendurado na parede. Os longos cabelos dourados estavam desgrenhados por conta da noite de sono, os olhos verdes estavam inchados de sono e a pele branca continha as marcas do lençol. Ela jogou um pouco de água no rosto para despertar, ajeitou os cabelos como pôde, cobriu a camisola branca com uma coberta, desceu as escadas na ponta dos pés para não acordar seus pais, abriu delicadamente a porta e saiu.
    O céu estava belíssimo,a lua estava cheia o que reduzia o numero de estrelas visíveis, mas proporcionava uma bela vista da paisagem sob sua luz prateada. Teana deu a volta na casa e dirigiu-se para a colina que ficava atrás desta. Caminhou descalça pela relva já molhada pelo orvalho, mesmo no escuro não teve problemas, o caminho já era um velho conhecido. Já no alto da colina ela sorriu e sentou-se em meio a margaridas que ali cresciam, aninhou-se em seu cobertor e voltada para leste aguardou o espetáculo que em breve teria inicio.

    A aparência daquele homem destoava da paisagem, alto e esguio, cabelos negros bagunçados, terno negro surrado, cartola, sapatos de couro e uma bengala, uma figura certamente inesperada em um local como uma floresta de pinheiros, a única coisa naquele homem que não destoava do cenário selvagem eram seus olhos azuis com pupilas iguais as de um gato.Yuuri era seu nome e ele estava de péssimo humor, odiava não saber que rumo tomar e detestava ainda mais ter de perguntar isso ao mais detestável ser que ele conhecia. Caminhava em meio ao bosque de pinheiros a passos largos e pesados, bufando a cada tragada do ar. A bengala deixava sua marca a cada passo e as vezes encontrava uma pedra, produzindo um estridente ruído metálico que apenas irritava Yuuri ainda mais. Ele parou der repente, observou ao redor, respirou fundo como se estivesse farejando e falou com voz grave e em tom severo.
-Apareça logo Folks, não ouse testar minha paciência com seus joguinhos!
De trás de uma árvore surgiu uma figura excêntrica. Um homem de estatura mediana, muito magro, trajando culotes amarelos e uma estranha capa vermelha que lembrava asas, tinha cabelos loiros e olhos num tom castanho avermelhado semelhantes aos olhos de um pássaro. Ele trazia no rosto um sorriso debochado, fez uma  cínica mesura para Yuuri e falou em tom de ironia.
-Perdão vossa alteza, mas sabe como joguinhos me agradam.
Yuuri limitou-se a fulminá-lo com os olhos, Folks pareceu entender pois baixou a cabeça em sinal de respeito.
-E então, já sabes para onde devo seguir?
Folks dobrou a cabeça para o lado de maneira debochada, Yuuri demonstrou não gostar, o que pareceu fazer com que Folks se alegrasse. Ele falou em um tom extremamente dramático, gesticulando a cada palavra.
-Mas é claro que sei majestade, se não o soubesse qual seria minha utilidade? Afinal de contas, eu recebi um olho para ser aquele que o caminho aponta! Se eu não o fizesse o que seria de mim? Apenas mais um pássaro inútil a voar no céu! Não?
O excesso de dramatização comumente empregado por Folks deixava Yuuri extremamente irritado, ele mais uma vez fulminou-o com os olhos, mas desta vez não houve nenhuma reação por parte de Folks.
-Então pare com seus malditos rodeios e diga de uma vez para onde devo seguir!
Folks não se deixou amedrontar pelo tom severo empregado por Yuuri, pelo contrario, ele pareceu não se importar, sua reação foi simplesmente dobrar a cabeça para o outro lado.
-Perdão vossa magnificência, irei dizer sem mais delongas!
Yuuri suspirou e praguejou a si mesmo por ter elegido alguém tão excêntrico para ser um de seus companheiros.
    Folks endireitou-se, fechou os olhos por alguns momentos e quando tornou a abri-los eles apresentavam um brilho amarelado, ele olhou pra o céu, estendeu os braços e declamou em tom amigável.

Que cante o pássaro azul se o vento a seguir soprar do sul;
Que gorjeie o pássaro campestre se o vento a seguir vier do leste;
Que assovie o pássaro lorde se o vento a seguir vagar pelo norte;
E que pie o pássaro silvestre se o vento a seguir correr pelo oeste!”
  
    Poucos instantes após a declamação de Folks foi possível ouvir pio vindo do meio dos pinheiros, Folks fechou mais uma vez os olhos, desta vez quando os abriu eles haviam voltado ao normal. Ele olhou para Yuuri e mais uma vez abriu um sorriso cínico, voltando a falar em tom de ironia.
-Siga pelo oeste, de onde corre o vento de tempestade! No fim de seu caminho encontrará uma casa simples de família, atrás da casa há uma colina, é la que o vento deve levá-lo!
Yuuri agradeceu com um gesto e retomou seu caminhar, Folks gargalhou cinicamente falou em tom de deboche.
-O rei é sempre apressado, sequer me deixou terminar!
Yuuri encarou-o com ares de quem já perdeu a paciência e falou em tom ameaçador.
-Então termine de uma vez pássaro maldito, antes que eu lhe arranque as asas!
Desta vez a ameaça pareceu ter sustido algum efeito pois Folks deixou morrer o sorriso. Ele falou agora em um tom de seriedade.
-Preste atenção a moças de cabelos dourados...
    Os cabelos de Yuuri clarearam gradualmente até se tornarem completamente brancos e deixarem de ser os cabelos negros de Yuuri, passando a ser os cabelos brancos de Scrödinger, ele abriu um sorriso terno e olhou para Folks.
-Obrigado velho amigo... Peço desculpas se Yuuri fica irritado em sua presença...
Folks tornou a sorrir, mas desta vez não era um sorriso cínico, mas sim um sorriso sincero, até mesmo o tom empregado para falar mudou, tornando-se algo muito mais amigável embora ainda fosse dramático em excesso.
-Não se preocupe mestre Scrödinger! Yuuri esta sempre irritado e você sempre sorrindo! Afinal, se assim não fosse não haveria por que Yuuri e Scrödinger terem deixado de ser Yuuri Scrödinger.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

#34Caçador de Bruxas-Capítulo 33-O retorno d caçador

Voltando ao ritimo normal de postagens. Hoje com um novo capítulo do Caçador de Bruxas e amanhã com uma nova história, que se for bem aceita sera postada em dias alternado com o caçador de bruxas (assim eu ganho tempo para pensar melhor no caçador que acabou tomando um rumo meio estranho). Sem mais delongas...



 Elizabeth ficou um pouco irritada com aquilo, primeiro Klaus a descartava sem mais nem menos, depois reaparecia com aquela expressão morta e agora aquela menina depositava nela a responsabilidade de obter uma resposta por ele desejada. Aquilo era demais, ela não podia fazer isso sem ao menos manifestar-se. Ela armou a melhor expressão seria que conseguiu e falou em tom severo.
-Por que eu faria isso?
Klaus não esboçou qualquer reação mas a menina pareceu surpresa.
-Eu não esperava isso de você, achei que você tivesse esse caçador idiota mais em conta... Parece que me enganei...
-Não é que eu não o tenha em conta... Pelo contrário... Mas é que eu...
Klaus foi até ela, esboçou um sorriso morto e afagou sua cabeça.
-Você esta certa... Não precisa fazer isso... Não existe nenhuma razão para que você o faça...
A mão de Elizabeth se moveu sozinha, um estalo, quando ela mesma percebeu seus dedos haviam deixado uma marca vermelha no rosto de Klaus, ela dera-lhe um tapa. Lagrimas verteram dos olhos dela.
-CALE A BOCA!
Desta vez Klaus mostrou uma expressão verdadeira, ele parecia surpreso. Elizabeth o segurou pela gola da camisa, recostou a cabeça em seu peito e desatou a chorar.
-Quem você pensa que é para dizer que eu não tenho nenhuma razão para fazer isso por você?
Klaus estava chocado, ele não esperava aquele tipo de reação vindo de Elizabeth, na verdade, deis de que Lune lhe disse para não usar mais seu olho ele não esperava mais nada.
    Em um instante tudo o que Klaus fizera deis de que conheceu Elizabeth pareceu acontecer novamente em sua mente, cada momento, os sorrisos, as surpresas e as lagrimas. As lagrimas que nem mesmo Lune presenciara mas que rolaram frente aquele criança, aquela frágil e delicada menina que não o conhecia a mais de uma semana e já virá mais dele do que qualquer outra pessoa. Ele a envolveu em seus braços e falou em tom suave.
-Desculpe... Você esta certa... Eu não sou ninguém para dizer se você tem ou não razão para fazer qualquer coisa...
Elizabeth se afastou e olhou-o nos olhos, agora eles pareciam vivos, pareciam os mesmos olhos que ela virá sob aquela macieira, os olhos confiantes que enfrentaram Ayleanee, os olhos do cruz negra. Ela sorriu e enxugou as lagrimas.
    A menina gargalhou, tanto que teve de se deitar e permaneceu algum tempo rindo no chão. Klaus foi até ela com uma expressão debochada e a cutucou de leve com o pé.
-Recomponha-se e mantenha a dignidade espírito!
A menina levantou-se e enxugou as lagrimas que acabaram rolando de tanto rir. Encarou Klaus por alguns instantes e depois voltou-se para Elizabeth.
-Meus parabéns menina, é a segunda vez que vejo este caçador idiota com aquela expressão morta, mas não esperava que você o fizesse voltar ao normal tão rápido!
Elizabeth corou. A menina prosseguiu com sua fala.
-Mas agora voltemos aos negócios... Você quer me fazer uma pergunta Klaus e você quer aprender magia Elizabeth, então eu vou fazer um único jogo por pura preguiça de fazer dois... Se Elizabeth conseguir a maçã não só lhe ensinarei os fundamentos básicos da magia como responderei a pergunta de Klaus... O que me diz mocinha, você esta de acordo?
Elizabeth cerrou os punhos e falou decidida.
-SIM!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Aviso

Em função do feriado e de viagem não efetuarei posts até segunda feira.Savvy?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

#33Caçador de Bruxas-Capítulo 32-A pergunta do caçador


   A menina encarou Klaus com seriedade, ela parecia o estar analisando, passados alguns instantes ela suspirou e olhou Klaus com ares de chateação.
-Você vem me ver depois de tanto tempo e nem ao menos me cumprimenta devidamente e ainda espera que eu lhe dê uma resposta de graça?
Klaus manteve-se serio.
-E o que você quer?
A menina sorriu maliciosa.
-Quero me divertir!
-Vai querer que eu vença o jogo das maçãs?
A menina riu.
-Claro que não! Você já conseguiu pegar todas as minhas maçãs, então isso seria muito fácil para você!
Klaus deixou escapar um suspiro.
-Então o que você quer que eu faça?
A menina continuou sorridente.
-Primeiro faça sua pergunta, eu decidirei o que deve ser feito após ouvi-la.
Klaus aproximou-se da menina, ela pareceu entender o que ele queria pois se aproximou dele também, até que ele pode sussurrar para que apenas ela ouvisse.
-Quero saber o que há de errado com meu olho...
    Elizabeth ficou um pouco chateada, Klaus não queria que ela soubesse qual era a pergunta, mas de certa forma isso a deixava mais animada, pois significava que bem ou mal ele ainda tinha consideração por ela. A menina se afastou de Klaus e fez uma cômica expressão de entendimento.
-Então é isso...
Klaus manteve-se serio.
-Você sabe a resposta?
-Mas é claro!
-Então qual será o jogo?
A menina riu.
-Pegar uma maçã!
Klaus fez uma expressão interrogativa.
-Mas você disse que...
A menina o interrompeu.
-Não é você quem vai jogar!
Os dois se voltaram para Elizabeth, Klaus com ares de preocupado e a menina com um largo sorriso, ao entender a situação Elizabeth se espantou.
-EU!!!???

terça-feira, 19 de abril de 2011

1#Post Especial: Caçador de Bruxas Cap.1-Revisado e Ampliado

   Estou com um certo bloqueio para escrever e também estou precisando pensar sobre o caminho que a história esta tomando, então, para ter algum tempo, estou postando a versão revisada do primeiro capítulo, espero que agrade.Savvy?
   Klaus abriu a porta do chalé e saiu. Fazia um dia lindo, o céu tinha poucas nuvens e o vento balançava delicadamente a relva, o som dos pássaros que habitavam o bosque próximo compunha uma melodia que parecia entrar em harmonia com a paisagem. “É uma tarde perfeita para um cochilo”, Klaus retirou o pesado casaco de couro que vestia e o jogou de qualquer jeito dentro do chalé, em seguida fechou a porta e caminhou até uma grande e antiga macieira que ficava próxima dali. Deitou-se a sombra da árvore e fechou os olhos. “Realmente, nada como um cochilo após o almoço”.

    Elizabeth finalmente chegou ao chalé onde supostamente morava o Cruz Negra. Fora uma longa viagem até ali, ela estava cansada, seu querido vestido vermelho estava sujo, seus longos cabelos castanhos estavam desgrenhados e seus calçados já não serviam para nada, ela queria um banho mais do que qualquer outra coisa, mas precisava falar com ele antes de mais nada. Ficou parada frente a porta do chalé por alguns momentos, ela estava hesitante, não fazia idéia do tipo de pessoa que um caçador de bruxas poderia ser, principalmente se tratando do mais famoso dentre eles. Inconscientemente ela correu os olhos pelo chalé, talvez em busca de alguma pista sobre que tipo de pessoa morava ali ou apenas para disfarçar seu medo. Era uma construção muito agradável de se ver, tinha as paredes de pedra recobertas por musgo e trepadeiras, as janelas e porta eram de madeira rústica pouco trabalhada e algumas flores pareciam ter sido plantadas no sopé da porta. Elizabeth ficou muito mais tranqüila, “alguém que mora em um lugar tão agradável não pode ser tão ruim...Pode até mesmo ser uma fada!”, ela riu de seus próprios pensamentos, era certo que o temido Cruz Negra não era algo tão inofensivo quanto uma fada mas ao menos aquela idéia a ajudou a criar coragem o suficiente para bater na porta. Ela bateu duas vezes, aguardou por algum tempo mas ninguém veio atende-la, então resolveu bater mais uma vez, agora com mais força, mas continuou sem resultado, ninguém veio atender. Ela começou a se perguntar se a informação que lhe deram estava correta ou se aquele era o lugar indicado, “talvez eu tenha vindo ao lugar errado...”, ela balançou a cabeça, tinha certeza de que aquele era o lugar, “ele deve apenas ter saído para almoçar...”. Vendo que de nada adiantaria ficar parada frente a porta ela resolveu caminhar ao redor do chalé e apreciar a paisagem. Caminhou um pouco pela relva até que viu uma grande árvore, como estava cansada decidiu sentar-se a sombra da mesma, mas quando se aproximou mais reparou em uma bota de couro negro que surgia do outro lado da árvore, “tem alguém ali...”, ela delicadamente espiou quem estava ali, se tratava de um rapaz, deitado ao pé da árvore e dormindo despreocupadamente.
    Ele tinha cabelos negros bagunçados que lhe caiam até os ombros, usava uma camisa de algodão tingida de roxo e calças de couro curtido adornada por correntes negras. Ela ficou observando o homem por algum tempo, ele era uma figura interessante, diferente, chegava a ser belo, mas também havia algo de ameaçador, por algum motivo o fato de ele dormir tão despreocupadamente fazia-o parecer perigoso.
-Não é muito educado ficar observando as pessoas desse jeito mocinha!
Ela voltou a realidade, o homem tinha aberto apenas um dos olhos para poder vê-la e sorria zombeteiramente. Por alguns momentos ela não soube o que fazer, acabou optando por ficar de frente para ele, fez uma mesura e falou no tom mais serio que conseguiu.
-Peço desculpas... Não era minha intenção perturbar seu sono... Mas estou a procura da pessoa que mora naquele chalé... Poderia me informar onde posso encontrá-lo?
O homem se levantou preguiçosamente e observou-a dos pés a cabeça, depois deixou escapar um longo bocejo e falou em tom de quem esta com muito sono.
-A pessoa que mora naquele chalé estava dormindo ao pé desta bela macieira até que uma certa mocinha decidiu espioná-lo...
Elizabeth foi tomada por felicidade, vergonha e medo. Aquele era o homem pelo qual ela fizera uma grande viagem, o homem que a fizera privar-se de luxos, o homem que tinha nas mãos o futuro de toda sua vila.
-Eu não queria... Desculpe... Não é do meu feitio espionar as pessoas... Mas...
O homem riu.
-Não leve tão a serio mocinha, foi só uma brincadeira... Agora diga, o que Klaus pode fazer por você?
-Bem... Seria você aquele que todos chamam de Cruz Negra?
Ele deixou o sorriso morrer no rosto.
-Sim, eu sou aquele que carrega o fardo desta alcunha... E você, quem seria?
Ela fez uma singela reverencia.
-Eu sou Elizabeth Tomphson...
Ele voltou a sorrir.
-E o que eu poderia fazer por você senhorita Elizabeth?
Ela respirou fundo e tomou coragem, não fazia idéia de como ele reagiria a seu pedido, nem sabia se ele a levaria a serio, afinal, quem consideraria as palavras de uma criança? Ela procurou afastar essa duvida, não podia fraquejar, não podia falhar agora.
-Vim oferecer-lhe um trabalho.!
Ele encarou-a com ares de quem esta interessado.
-Um trabalho... Interessante mocinha, e que trabalho seria este?
Ela se sentiu um pouco ofendida com a pergunta.
-Caçar uma bruxa é claro.
-Compreendo... Se é assim procurou pela pessoa certa, mas diga-me, por que uma mocinha tão jovem precisa que um serviço como este seja feito?
-Porque esta bruxa dominou minha vila...
Agora ele encarou-a com a devida seriedade, antes parecia tratar o assunto como uma brincadeira, mas agora parecia estar realmente interessado no trabalho.
-Compreendo... Se é este o caso, peço que guarde os detalhes, creio que você queira repousar antes de conversar mais seriamente sobre o assunto não?
Ela fez que sim com a cabeça.
-Bem, se é assim, peço que me acompanhe, vamos até a cidade.
    Ele a guiou ao chalé, abriu a porta, juntou um casaco de couro negro que estava jogado no chão, vestiu-o e tornou a fechar a porta. Seguiu pela relva até a estrada que levava para a cidade. Elizabeth não sabia daquele caminho, ela havia vindo pelo bosque e agora praguejava sua própria incompetência por ter perdido o mapa. Os dois seguiram pela estrada a passos lentos, ela desconfiada seguia sempre alguns passos atrás dele, temendo que ele pudesse tentar causar-lhe algum mal. Era um caminho bastante agradável, ambos os lados da estrada eram cobertos por relva, pedras e árvores de diversas formas enrriquecia a paisagem, o clima também contribuía para tornar aquela caminhada agradável, o céu estava límpido, praticamente sem nuvens, e uma brisa fresca impedia que o sol se tornasse insuportável.
    Elizabeth logo sentiu as pernas falharem, mesmo que Klaus estivesse caminhando lentamente ela estava cansada demais para continuar, tanto que ela teve de fazer uma pausa.
-Desculpe... Mas podemos parar? Eu estou muito cansada...
Klaus voltou-se para ela e falou num tom doce.
-Sou eu quem devo pedir desculpas... Sequer perguntei se você estava descansada o bastante para caminhar... Podemos sentar ao pé daquela árvore até você se sentir melhor, que tal?
Ele disse isso apontando para uma frondosa árvore que ficava a beira da estrada. Elizabeth não se fez de rogada e deixou-se desmoronar a sombra, Klaus sentou-se ao lado dela.
-Pode dormir se quiser, eu faço a vigia.
Apesar do tom de deboche usado ele parecia realmente aconselhar que ela dormisse e ela realmente estava cansada, mas dormir ao lado de um completo estranho não parecia algo prudente. Ela fechou os olhos e por alguns momentos fingiu dormir, esperando que ele fizesse alguma. Os minutos se passaram e nada de errado aconteceu, ele continuava ali pois ela podia ouvir sua leve respiração. Logo ela se sentia mais calma, na verdade, sua desconfiança era meramente racional, pois emocionalmente ela se sentia bem perto dele, deis de que o vira dormindo ao pé da árvore próxima ao chalé ela sentirá que poderia confiar nele, então acabou por entregar-se ao sono.
    Quando ela abriu os olhos logo os dirigiu ao céu, ainda haviam poucas nuvem mas o sol já estava mais baixo, já deviam ser quase quatro horas, foi então que ela lembrou-se exatamente de onde estava e tomou consciência da situação, percebendo que estava com a cabeça recostada nos ombros de Klaus, que por sua vez parecia perdido em seus pensamentos. Ela logo tratou de endireitar-se, ele percebeu que ela havia acordado e olhou-a sorridente.
-Dormiu bem?
Ela ficou envergonhada por ter dormido por tanto tempo recostada no ombro de um completo estranho.
-Si...Sim...
-Acha que pode caminhar até a cidade? Faltam apenas dez ou quinze quilômetros.
Ela limitou-se a assentir com a cabeça. Klaus levantou-se e estendeu a mão para ela.
-Então vamos, eu não gostaria de chegar após o anoitecer.
Ela aceitou a ajuda para levantar-se.
    Os dois seguiram a passos lentos pela estrada. Logo foi possível notar certas mudanças, as árvores iam rareando cada vez mais e o qualidade do calçamento da estrada ia melhorando, não demorou até que a silhueta da cidade surgisse no horizonte. Elizabeth olhou para a cidade maravilhada, ela crescera em uma vila e nunca fora até uma cidade, mesmo durante a viagem ela passará apenas por vilas, ela abriu um largo sorriso e falou animada.
-É para la que nós vamos?
Klaus sorriu em reação a toda animação da menina.
-Sim, Drashep, não é uma cidade grande, mas é o maior centro comercial desta parte do país.
O sorriso dela alargou-se ainda mais, ela perdeu-se em pensamentos sobre compras e pessoas que poderia encontrar ali, mas logo voltou a realidade e lembrou-se de que aquela não era uma viagem para diversão.
    Eles alcançaram os portões da cidade ao por do sol, Elizabeth ficou ainda mais impressionada, Drashep era cercada por uma alta muralha de pedra, até mesmo algumas torres de vigia estavam posicionadas em certos pontos da murada. Com os portões a segurança não era diferente, as pesadas portas de madeira e a grade de aço estavam abertas, mas guardas trajando armaduras e carregando espadas verificavam cada carroça que adentrava a cidade.
-Por que um esquema de segurança tão rígido, não era uma cidade mercantil.
-Sim, mas além de a cidade correr grandes riscos de ser atacada em guerras os regentes não admitem nenhum tipo de contrabando.
-Entendo...
-Bem, agora, caminhe junto comigo e não haverá problemas.
Os dois avançaram, no momento de cruzar o portão um dos guardas se aproximou, mas ao ver Klaus apenas cumprimentou-o com a cabeça, Klaus fez o mesmo.
-Você o conhecia?
-Sim, a grande maioria dos guardas me conhecem.
-Por isso não vieram nem ao menos falar conosco?
-Sim.
   
    Já dentro da cidade Elizabeth ficou um tanto quanto desapontada. As coisas não eram tão diferentes quanto ela esperava, as poucas diferenças eram o calçamento de pedra das ruas e as telhas de cerâmica das casas, as construções eram um tanto quanto mais amontoadas e haviam mais pessoas nas ruas, mas além disso Drashep não passava de uma vila grande.
-Eu esperava mais...
Klaus percebeu que ela parecia um tanto quanto desapontada.
-Não é tão diferente assim de uma vila não é mesmo?
-Não...
-Bem,talvez isso deva-se a hora, as passam das seis e boa parte do comercio já esta fechada, amanhã irá parecer um lugar mais interessante.
Elizabeth ficou um pouco confusa.
-Se o comercio já esta fechado o que exatamente viemos fazer aqui?
Klaus sorriu afetuosamente.
-Viemos para passar a noite, tem apenas uma cama no meu chalé, e acho que nenhum de nós dois estaria disposto a dormir no chão ou dividir a cama.
Elizabeth corou e assentiu com a cabeça.
-Mas antes de irmos para a estalagem quero que você veja uma pessoa.
-Quem?
-Você logo vai descobrir...
Dizendo isso Klaus parou logo em frente a uma loja, cuja placa continha os dizeres “Alfaiate Verônica”.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

#32Caçador de Bruxas-Capítulo 31-Encontro em sonhos


    Elizabeth achou graça, até então tudo fazia sentido, mas a parte de ter de comer uma das maças era realmente engraçada, tanto que ela não conseguiu evitar a risada. A menina fez cara de emburrada.
-Esta rindo do que?
Elizabeth tentou se desculpar.
-Nada... Apenas achei engraçada a parte da maçã...
A menina sorriu maliciosa.
-Então acha que vai ser fácil?
-Claro, basta que eu acorde, pegue uma das maçãs e a coma!
-E você se lembra de ter visto alguma maçã na árvore?
Elizabeth parou para pensar e realmente não se lembrava de ver nenhum fruto na árvore, mas ainda sim não se deu por vencida.
-Basta esperar que os frutos surjam.
-Isso não vai acontecer.
-E por que não?
A menina riu.
-Porque todos os frutos desta macieira estão aqui, dentro deste mundo de sonhos!
Elizabeth não compreendeu o que ela quis dizer.
-Como assim?
A menina esticou a mão e nela surgiu uma vermelha e apetitosa maçã.
-Vê? As maças surgem apenas se eu assim desejar, para resumir tudo, você só poderá comer uma maçã se eu decidir lhe dar uma!

    Klaus retornou ao quarto que Lune lhe cederá. Ele estava feliz por estar no castelo dela e não em alguma pousada, pois assim poderia meditar tranquilamente, e o que ele pretendia fazer exigia um local onde não houvessem interrupções. Ele se ajoelhou no chão, fechou os olhos e limpou a mente. Quando abriu os olhos ele se viu ainda ajoelhado no tapete do quarto, mas agora o restante do quarto já não estava mais la, o lugar parecia o topo de uma montanha. “O mundo dos sonhos... Fico mais tranqüilo ao ver que ainda consigo entrar aqui mesmo sem estar ao pé da macieira...”.

    No exato momento em que Elizabeth pretendia perguntar como obter a maçã a menina mudou sua expressão para algo mais próximo de surpresa e olhou para uma outra montanha que surgirá no horizonte.
-Peço desculpas por não continuar a conversa agora... Mas receio que antes de lhe contar o que você quer saber ainda terei de lidar com aquele que acaba de chegar...
Elizabeth queria perguntar quem era a pessoa a quem a menina se referia, mas ela não pareceu receptiva a perguntas, então decidiu aguardar que esta pessoa chegasse ali.
    Vindo da mesma trilha de pedras pela qual veio Elizabeth surgiu Klaus, Elizabeth ficou surpresa em vê-lo, e feliz, agora ela realmente tinha certeza de que aquilo era um sonho.
-Kla...Klaus...
Ele olhou para ela com olhos vazios e respondeu em voz apática.
-Elizabeth...
Ela não sabia se queria lhe dar um tapa ou se queria abraçá-lo, mas qualquer vontade dela morreu frente a falta de sentimentos demonstrada por ele.
-Esta tudo bem?
Ele limitou-se a afagar a cabeça dela, mas sem nem ao menos forçar um sorriso ou tentar disfarçar a total falta de sentimentos.
-Sim... Peço desculpas por tê-la  afastado... Mas se você esta aqui creio que já entenda um pouco de minhas razões...
Ela assentiu com a cabeça. Estava assustada demais para ter qualquer outra reação, ela já havia visto a face de Klaus carregada de raiva e até mesmo sua expressão de medo, mas nunca viu aquele rosto que não carregava nada.
    Klaus voltou-se para a menina, eles se encararam por alguns instantes até que Klaus quebrou o silêncio.
-Pode conversar agora ou prefere que eu espere sua conversa com Elizabeth chegar ao fim?
-Não tem problema, pode dizer, o que o traz ao meu mundo? Achei que você já tinha aprendido tudo o que eu poderia ensinar e já estava sendo ensinado por outro sonho.
-Isso é verdade... Mas tem coisas que apenas você pode responder...

domingo, 17 de abril de 2011

#31Caçador de Bruxas-Capítulo 30-Magos e Maçãs


    Elizabeth permaneceu sentada a sombra da árvore sem compreender muito bem o que Verônica pretendia. O tempo foi se passando e Verônica não dizia nada, apenas a observava, logo, o sono veio e ela acabou entregando-se a ele.
    Quando se deu conta ela já não estava mais no jardim, continuava ao pé da árvore, continuava deitada na relva, mas aquele lugar certamente não era o jardim de verônica, parecia uma realidade distorcida. Ela levantou-se para conseguir ver melhor, aparentemente ela agora encontrava-se em um local mais elevado, quase o topo de uma montanha que se erguia em meio a cerejeiras floridas que nasciam diretamente da água, que por sua vez era tão límpida que era possível ver as carpas que nela nadavam mesmo aquela distância. Ela logo se deu conta do que estava acontecendo, “É um sonho”.
    Ela aproveitou para explorar um pouco o lugar, desceu a montanha, parando apenas quando não havia mais terra, ficou admirando o formato sinuoso das cerejeiras. Ela ficou ali observando a paisagem por algum tempo até que alguma coisa chamou sua atenção, em meio as cerejeiras haviam algumas pedras que pareciam boiar na água formando uma espécie de trilha. Pulando de pedra em pedra ela adentrou a floresta de cerejeiras, era o primeiro sonho tão real que ela tinha o que a deixava encantada. “Que divertido... Nunca pensei que sonhos pudessem parecer tão reais!”.
-Mas é real.
A vos surgiu do nada, parecia vir de todos os lados o que lembrou Elizabeth da primeira vez em que ela se encontrou com Lune, mas desta vez havia uma diferença, a vos não era assustadora, era doce, quase familiar.
-Quem esta ai?
Uma simpática risada precedeu a resposta.
-Ora, realmente não sabe quem sou eu?
Elizabeth estava se divertindo com aquela situação.
-Se eu soubesse não perguntaria.
Mais uma vez risos precederam a resposta.
-Então não tem jeito, eu vou ter que aparecer para você!
Varias pétalas rosadas começaram a convergir para um mesmo ponto, reunindo-se e dando forma a um ser. Tratava-se de uma pequena menina, ela era bem pequena, bastante magra e muito bonita. Seus cabelos tinham o mesmo tom rosado das pétalas de cerejeira, tinha lhos grandes e amendoados e usava roupas aparentemente feita de folhas.
-E então, satisfeita com o que esta vedo Elizabeth?
Elizabeth ficou maravilhada, aquele ser era muito interessante, ao mesmo tempo que parecia uma menina frágil ainda passava a impressão de ser muito especial.
-O que é você?
A menina deixou escapar um suspiro.
-Eu sou a macieira na qual você agora dorme.
Elizabeth não compreendeu o que aquela menina quis dizer com aquilo, a cada momento aquele sonho ficava ainda mais estranho. A menina a encarou com ar de deboche.
-Você ainda não entendeu o que esta acontecendo não é?
Elizabeth assentiu com a cabeça.
-Não tem jeito.. Eu vou ter que explicar... Eu sou a macieira, mas não uma macieira qualquer, eu sou uma das fontes da magia, eu posso ensinar magia a qualquer um que consiga entrar neste mundo de sonhos e comer uma de minhas maçãs.