sábado, 19 de março de 2011

#4Caçador de Bruxas-Capítulo 3-Sorriso


“Estalagem Bota Furada”, era isso o que estava escrito na placa de madeira pendurada na porta do estabelecimento. Elizabeth foi tomada por uma espécie de preconceito devido ao nome do lugar, além de não parecer nada convidativo ainda sugeria algo em condições ruins, mas Klaus olhava para o lugar com satisfação e ela acabou deixando tais preconceitos de lado. Ao entrarem na estalagem Klaus foi diretamente até o balcão, onde foi atendido por um homem robusto de cabelos castanhos e bigode.
-Preciso de mais um quarto senhor Laurence.
-Mais um? O que você tem não lhe basta?
Klaus deixou escapar uma gargalhada e olhou para Elizabeth com um sorriso.
-A mim ele com toda a certeza basta, mas não bastará se eu tiver de dividi-lo com a senhorita ali.
Dessa vez foi Laurence quem riu.
-Entendo, então tem uma cliente! Mas tem certeza de que não quer dividir o quarto com aquela belezinha?
Klaus deixou o sorriso morrer e falou num tom de ameaça debochada.
-Você esta me incitando a fazer alguma coisa com uma criança Laurence? Ou estaria dizendo que eu sou o tipo de pessoa que faria este tipo de coisa?
Laurence se encolheu com um sorriso.
-Calma, calma! Foi só uma brincadeira, não precisa bancar o “Cruz Negra” comigo...
-Bem, então, entregue-me uma chave...
-Bom... Eu até faria isso, mas minha brincadeira teve um fundamento, eu não tenho mais quartos vagos, então se você quiser que a mocinha fique aqui terá de dividir o quarto com ela...
Klaus fez uma pequena pausa na conversa para pensar, voltando-se para Elizabeth em seguida.
-Você esta bem em dividir o quarto? Se preferir eu posso pegar um quarto em outra estalagem.
Elizabeth abriu um sorriso.
-Não precisa se preocupar, nós podemos dividir.
Klaus voltou-se novamente para Laurence.
-Mande as meninas colocarem mais uma cama no quarto.
-Como queira senhor Klaus.
    Elizabeth e Klaus foram até o quarto. Era um aposento simples porém amplo para um quarto individual. Era munido de um armário, um baú, uma cômoda, duas cadeiras e uma cama aparentemente confortável. O quarto também contava com um banheiro individual.
-Senhor Klaus... Me permite fazer uma pergunta?
-Claro, pergunte o que quiser.
Elizabeth tentava disfarçar a curiosidade sem sucesso, Klaus limitou-se a sorrir vendo a agitação da menina.
-Quantos anos o senhor tem? Você não parece tão mais velho do que eu assim... E ainda me chamou de criança na frente do senhor Laurence...
Klaus deixou escapar uma gargalhada.
-Mas você é realmente uma criança... Quanto a minha idade, eu tenho 25 anos.
Elizabeth ficou espantada, era admirável que alguém tão jovem já fosse um renomado caçador de bruxas.
-Posso fazer mais uma pergunta?
-Claro, como eu já disse, pode perguntar o que quiser.
-Como você já é um caçador de bruxas tão famoso mesmo sendo tão jovem? Normalmente você estaria iniciando sua carreira como caçador com esta idade...
O sorriso de Klaus morreu e sua expressão se tornou seria, chegando a causar calafrios em Elizabeth. “Provavelmente é com esta expressão que ele enfrenta as bruxas...”.
-A explicação para minha fama é a mesma que para meu “apelido”... Em breve você irá entender... Mas já que começamos a falar de meu trabalho, eu também preciso fazer algumas perguntas... È melhor você se sentar.
Elizabeth sentou-se na cama enquanto Klaus puxou uma das cadeiras.
-Eu preciso de algumas informações a respeito da bruxa que irei caçar, você sabe um pouco sobre ela?
Elizabeth fez que sim com a cabeça.
-Certo... Em primeiro lugar, que tipo de maldição ela rogou sobre a vila? O que exatamente acontece com os aldeões?
Elizabeth desviou o olhar.
-Durante o dia todos parecem estar com muito sono, como se pudessem adormecer a qualquer instante, por outro lado, quando a noite cai e as pessoas se recolhem para dormir, o sono lhes foge e eles mal podem descansar.
-Entendo, então é uma “fada do sono”...
Elizabeth voltou a encarar Klaus, com uma expressão interrogativa.
-Fada do sono?
-Sim, é assim que nós classificamos as bruxas cujos feitiços alteram de alguma forma o modo com que as pessoas descansam.
-E isso é muito ruim?
-Não, isso é bom, se ela for mesmo uma fada do sono será muito mais fácil não matá-la.
Elizabeth esboçou um sorriso ao ouvir isso, mas Klaus manteve a expressão seria.
-Apenas mais uma pergunta... Espero que não se ofenda, mas eu preciso saber. Como exatamente você pretende me pagar por meus serviços?
Elizabeth baixou a cabeça. Ela realmente esperava que ele não fizesse esta pergunta, mas era obvio que cedo ou tarde ele desejaria saber qual seria a parte dela no contrato.
-Como você espera ser pago?
-Eu sempre prefiro receber em dinheiro, mas algum item de valor também seria bem vindo.
-E este trabalho irá custar caro?
-O trabalho em si não, sendo uma fada do sono é um serviço relativamente simples, a parte mais cara serão os gastos com a viagem até Sarges.
Elizabeth encolheu-se um pouco.
-Isso quer dizer que eu vou precisar de uma quantia razoável não? Ainda mais por você ter comprado estas roupas e estar dividindo seu quarto na estalagem...
-As roupas e o quarto são cortesias minhas, não se preocupe com isso... Mas você ainda precisaria de uma boa quantia para custear a viagem.
-Imaginei...
Klaus olhou para Elizabeth de forma seria, mas compreensiva.
-Você não tem dinheiro...Não é?
Elizabeth deixou um soluço de choro escapar.
-Não...
-E como você pretende me pagar?
Elizabeth tentava conter o choro.
-Eu não sei...
-Eu não posso trabalhar de graça...
Elizabeth olhou para ele, as lagrimas já lhe escorriam pela face, mas ela estava determinada.
-Eu vou lhe pagar como você preferir...E farei qualquer coisa que você quiser...Qualquer coisa...
Klaus apenas sorriu.
-Deve ter algo que eu possa fazer não é? Deve ter algo que você queira que o dinheiro não possa comprar... Talvez uma serva...Ou quem sabe...
Klaus interrompeu Elizabeth, encostando delicadamente o dedo em sua boca, ele olhou para ela com um sorriso gentil que a fez esquecer por um instante a situação em que se encontrava.
-Eu jamais poderia ficar com algo que você não estivesse disposta a me entregar, eu jamais poderia tomar sua liberdade tornando-a minha serva ou algo além disso...
-Mas então como eu vou...
-Não se preocupe Elizabeth Tomphson, eu vou caçar a sua bruxa.
Elizabeth mal pode acreditar no que acabara de ouvir. “Ele vai fazer...Ele vai me ajudar...Ele...”. Um sorriso sincero e aliviado dominou a face de Elizabeth.
-Pronto, você acaba de pagar por todo o serviço.
Elizabeth olhou para ele interrogativa.
-Mas como?
-O seu sorriso, foi um sorriso sincero, bem raro de se ver hoje em dia... Me mostrar algo tão bonito e raro pagou por toda a viagem.
-Klaus...
Ele se levantou e foi em direção a porta do quarto.
-Agora durma, eu irei comprar os suprimentos para a viagem. Trate de descansar pois partiremos amanhã bem cedo.
-SIM!

Um comentário:

  1. “-Deve ter algo que eu possa fazer não é? Deve ter algo que você queira que o dinheiro não possa comprar... Talvez uma serva...Ou quem sabe...Ou quem sabe...”(Eu entendi direito? Ela estava se insinuando, é?) hahahah
    Com 12anos? Fiquei jogado. :0

    Esses escritores fazem o que querem com seus personagens.hehehe

    Bom, 25 e 12 parece ser irreal ter um relacionamento, mas acrescenta uns 6 anos, ai a coisa muda de figura. ;)

    Depois continuo na seqüência.

    Valeu!

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