quarta-feira, 23 de março de 2011

#8Caçador de Bruxas-Capítulo 7-As lagrimas do caçador


Após o jantar Elizabeth e Klaus foram até o quarto para descansar. A viagem do dia seguinte seria ainda mais longa e descansar durante as noites seguintes seria ainda mais complicado, pois não havia nenhuma cidade ou vila entre Arlendre e Sarges. Mesmo sabendo disso foi impossível para Klaus pegar no sono. Lune era a parte de seu passado que ele sempre tentou esquecer, mas agora ele estava ali, em uma jornada para encontrá-la, para enfrenta-la. Apesar do que ele havia dito a Elizabeth ele sabia muito bem que era impossível para ele enfrentar Lune, aquela noite havia sido a prova. “Se eu pudesse realmente enfrenta-la eu teria usado a cruz negra antes de descobrir que era apenas uma projeção mágica, mas eu hesitei, eu não desfiz o selo da cruz...Eu não pude enfrenta-la...”.
    Klaus acordou Elizabeth bem cedo na manhã seguinte. O caminho era longo, e quanto mais cedo eles partissem mais longe chegariam antes do anoitecer. Klaus tentava disfarçar, mas Elizabeth percebeu que ele não estava bem, ela não sabia dizer o que era, mas ele tinha algo em sua expressão que ela não pode notar nos dias anteriores.
-Você esta bem?
Ele apenas olhou para ela e sorriu amargamente.
-Vamos indo...
-Como queira...
    As três primeiras horas de viagem foram muito silenciosas, Klaus parecia um tanto quanto cansado e caminhava de forma desatenta, Elizabeth estava cada vez mais preocupada. O homem alegre e gentil que Klaus se mostrou nos últimos dois dias simplesmente desapareceu após o encontro com Lune, dando lugar a um homem desatento e amargurado.
-Klaus... Algo o perturba?
Klaus parou repentinamente, virou-se para Elizabeth, não com o sorriso que ela gostaria de ver, nem com a seriedade que ela temia, mas com a mais profunda tristeza. Duas lagrimas percorreram sua face, ele estava chorando.
    Elizabeth não sabia o que fazer, era completamente inesperado que Klaus demonstrasse sua tristeza tão abertamente. Ela respirou fundo, tomou a mão dele e o conduziu para fora da estrada, até a sombra de uma árvore onde se sentou, deu dois tapinhas ao lado.
-Sente-se...
Klaus não se fez de resignado, obedeceu imediatamente o comando de Elizabeth e sentou-se ao lado dela.
-Se quiser dizer qualquer coisa eu irei ouvir, mas também irei entender se quiser ficar quieto.
Para a surpresa dela, ele inspirou fundo e começou.
-Foi tudo minha culpa... Lune não era uma bruxa, não tinha por que ser uma... Mas eu não cuidei direito dela... Ela era uma moça comum, alegre... Eu sempre fui o oposto, sempre amargo, quase maligno, mas ainda sim ela se apaixonou por mim e eu por ela...
Klaus respirou fundo mais uma vez e prosseguiu.
-Tudo isso aconteceu em Sarges, a mais ou menos sete anos... Nós nos conhecemos casualmente durante uma de minhas viagens... Convivemos por pouco tempo, mas nos dávamos muito bem... Levou menos de uma semana até que nos tornássemos amantes... Ficamos juntos por quase dois meses... Até que eu destruí tudo, nosso amor, minha felicidade...E principalmente... A vida dela...
Elizabeth apenas escutava com atenção, de alguma forma ela se sentia feliz ouvindo o desabafo de Klaus, se sentia especial. Por outro lado se sentia triste sem motivo algum vendo o quanto ele amava Lune.
    Klaus prosseguiu com seu desabafo.
-Tudo ia bem... Até que Lune me pediu para ir atrás de uma bruxa... Eu estava de mau humor naquele dia... E também era muito incompreensivo naquela época... Ela não tinha dinheiro, então recusei o trabalho... Não sei bem o que aconteceu depois disso, mas ela foi atrás da bruxa por conta própria, e quando voltou, ela mesma era uma bruxa...
Elizabeth ouvia com atenção, provavelmente foi por isso que ele não recusou o trabalho ao descobrir que ela não tinha dinheiro. Klaus enxugou os olhos e voltou-se para Elizabeth, ele agora estava sorrindo, sorrindo sinceramente.
-Obrigado... Não sei o que aconteceria se você não estivesse aqui para me ouvir...
Elizabeth corou, era a primeira vez que alguém dizia algo assim para ela. Aproveitando o momento de intimidade ela recostou a cabeça no ombro de Klaus.
-Que bom que eu servi para alguma coisa...

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