terça-feira, 19 de abril de 2011

1#Post Especial: Caçador de Bruxas Cap.1-Revisado e Ampliado

   Estou com um certo bloqueio para escrever e também estou precisando pensar sobre o caminho que a história esta tomando, então, para ter algum tempo, estou postando a versão revisada do primeiro capítulo, espero que agrade.Savvy?
   Klaus abriu a porta do chalé e saiu. Fazia um dia lindo, o céu tinha poucas nuvens e o vento balançava delicadamente a relva, o som dos pássaros que habitavam o bosque próximo compunha uma melodia que parecia entrar em harmonia com a paisagem. “É uma tarde perfeita para um cochilo”, Klaus retirou o pesado casaco de couro que vestia e o jogou de qualquer jeito dentro do chalé, em seguida fechou a porta e caminhou até uma grande e antiga macieira que ficava próxima dali. Deitou-se a sombra da árvore e fechou os olhos. “Realmente, nada como um cochilo após o almoço”.

    Elizabeth finalmente chegou ao chalé onde supostamente morava o Cruz Negra. Fora uma longa viagem até ali, ela estava cansada, seu querido vestido vermelho estava sujo, seus longos cabelos castanhos estavam desgrenhados e seus calçados já não serviam para nada, ela queria um banho mais do que qualquer outra coisa, mas precisava falar com ele antes de mais nada. Ficou parada frente a porta do chalé por alguns momentos, ela estava hesitante, não fazia idéia do tipo de pessoa que um caçador de bruxas poderia ser, principalmente se tratando do mais famoso dentre eles. Inconscientemente ela correu os olhos pelo chalé, talvez em busca de alguma pista sobre que tipo de pessoa morava ali ou apenas para disfarçar seu medo. Era uma construção muito agradável de se ver, tinha as paredes de pedra recobertas por musgo e trepadeiras, as janelas e porta eram de madeira rústica pouco trabalhada e algumas flores pareciam ter sido plantadas no sopé da porta. Elizabeth ficou muito mais tranqüila, “alguém que mora em um lugar tão agradável não pode ser tão ruim...Pode até mesmo ser uma fada!”, ela riu de seus próprios pensamentos, era certo que o temido Cruz Negra não era algo tão inofensivo quanto uma fada mas ao menos aquela idéia a ajudou a criar coragem o suficiente para bater na porta. Ela bateu duas vezes, aguardou por algum tempo mas ninguém veio atende-la, então resolveu bater mais uma vez, agora com mais força, mas continuou sem resultado, ninguém veio atender. Ela começou a se perguntar se a informação que lhe deram estava correta ou se aquele era o lugar indicado, “talvez eu tenha vindo ao lugar errado...”, ela balançou a cabeça, tinha certeza de que aquele era o lugar, “ele deve apenas ter saído para almoçar...”. Vendo que de nada adiantaria ficar parada frente a porta ela resolveu caminhar ao redor do chalé e apreciar a paisagem. Caminhou um pouco pela relva até que viu uma grande árvore, como estava cansada decidiu sentar-se a sombra da mesma, mas quando se aproximou mais reparou em uma bota de couro negro que surgia do outro lado da árvore, “tem alguém ali...”, ela delicadamente espiou quem estava ali, se tratava de um rapaz, deitado ao pé da árvore e dormindo despreocupadamente.
    Ele tinha cabelos negros bagunçados que lhe caiam até os ombros, usava uma camisa de algodão tingida de roxo e calças de couro curtido adornada por correntes negras. Ela ficou observando o homem por algum tempo, ele era uma figura interessante, diferente, chegava a ser belo, mas também havia algo de ameaçador, por algum motivo o fato de ele dormir tão despreocupadamente fazia-o parecer perigoso.
-Não é muito educado ficar observando as pessoas desse jeito mocinha!
Ela voltou a realidade, o homem tinha aberto apenas um dos olhos para poder vê-la e sorria zombeteiramente. Por alguns momentos ela não soube o que fazer, acabou optando por ficar de frente para ele, fez uma mesura e falou no tom mais serio que conseguiu.
-Peço desculpas... Não era minha intenção perturbar seu sono... Mas estou a procura da pessoa que mora naquele chalé... Poderia me informar onde posso encontrá-lo?
O homem se levantou preguiçosamente e observou-a dos pés a cabeça, depois deixou escapar um longo bocejo e falou em tom de quem esta com muito sono.
-A pessoa que mora naquele chalé estava dormindo ao pé desta bela macieira até que uma certa mocinha decidiu espioná-lo...
Elizabeth foi tomada por felicidade, vergonha e medo. Aquele era o homem pelo qual ela fizera uma grande viagem, o homem que a fizera privar-se de luxos, o homem que tinha nas mãos o futuro de toda sua vila.
-Eu não queria... Desculpe... Não é do meu feitio espionar as pessoas... Mas...
O homem riu.
-Não leve tão a serio mocinha, foi só uma brincadeira... Agora diga, o que Klaus pode fazer por você?
-Bem... Seria você aquele que todos chamam de Cruz Negra?
Ele deixou o sorriso morrer no rosto.
-Sim, eu sou aquele que carrega o fardo desta alcunha... E você, quem seria?
Ela fez uma singela reverencia.
-Eu sou Elizabeth Tomphson...
Ele voltou a sorrir.
-E o que eu poderia fazer por você senhorita Elizabeth?
Ela respirou fundo e tomou coragem, não fazia idéia de como ele reagiria a seu pedido, nem sabia se ele a levaria a serio, afinal, quem consideraria as palavras de uma criança? Ela procurou afastar essa duvida, não podia fraquejar, não podia falhar agora.
-Vim oferecer-lhe um trabalho.!
Ele encarou-a com ares de quem esta interessado.
-Um trabalho... Interessante mocinha, e que trabalho seria este?
Ela se sentiu um pouco ofendida com a pergunta.
-Caçar uma bruxa é claro.
-Compreendo... Se é assim procurou pela pessoa certa, mas diga-me, por que uma mocinha tão jovem precisa que um serviço como este seja feito?
-Porque esta bruxa dominou minha vila...
Agora ele encarou-a com a devida seriedade, antes parecia tratar o assunto como uma brincadeira, mas agora parecia estar realmente interessado no trabalho.
-Compreendo... Se é este o caso, peço que guarde os detalhes, creio que você queira repousar antes de conversar mais seriamente sobre o assunto não?
Ela fez que sim com a cabeça.
-Bem, se é assim, peço que me acompanhe, vamos até a cidade.
    Ele a guiou ao chalé, abriu a porta, juntou um casaco de couro negro que estava jogado no chão, vestiu-o e tornou a fechar a porta. Seguiu pela relva até a estrada que levava para a cidade. Elizabeth não sabia daquele caminho, ela havia vindo pelo bosque e agora praguejava sua própria incompetência por ter perdido o mapa. Os dois seguiram pela estrada a passos lentos, ela desconfiada seguia sempre alguns passos atrás dele, temendo que ele pudesse tentar causar-lhe algum mal. Era um caminho bastante agradável, ambos os lados da estrada eram cobertos por relva, pedras e árvores de diversas formas enrriquecia a paisagem, o clima também contribuía para tornar aquela caminhada agradável, o céu estava límpido, praticamente sem nuvens, e uma brisa fresca impedia que o sol se tornasse insuportável.
    Elizabeth logo sentiu as pernas falharem, mesmo que Klaus estivesse caminhando lentamente ela estava cansada demais para continuar, tanto que ela teve de fazer uma pausa.
-Desculpe... Mas podemos parar? Eu estou muito cansada...
Klaus voltou-se para ela e falou num tom doce.
-Sou eu quem devo pedir desculpas... Sequer perguntei se você estava descansada o bastante para caminhar... Podemos sentar ao pé daquela árvore até você se sentir melhor, que tal?
Ele disse isso apontando para uma frondosa árvore que ficava a beira da estrada. Elizabeth não se fez de rogada e deixou-se desmoronar a sombra, Klaus sentou-se ao lado dela.
-Pode dormir se quiser, eu faço a vigia.
Apesar do tom de deboche usado ele parecia realmente aconselhar que ela dormisse e ela realmente estava cansada, mas dormir ao lado de um completo estranho não parecia algo prudente. Ela fechou os olhos e por alguns momentos fingiu dormir, esperando que ele fizesse alguma. Os minutos se passaram e nada de errado aconteceu, ele continuava ali pois ela podia ouvir sua leve respiração. Logo ela se sentia mais calma, na verdade, sua desconfiança era meramente racional, pois emocionalmente ela se sentia bem perto dele, deis de que o vira dormindo ao pé da árvore próxima ao chalé ela sentirá que poderia confiar nele, então acabou por entregar-se ao sono.
    Quando ela abriu os olhos logo os dirigiu ao céu, ainda haviam poucas nuvem mas o sol já estava mais baixo, já deviam ser quase quatro horas, foi então que ela lembrou-se exatamente de onde estava e tomou consciência da situação, percebendo que estava com a cabeça recostada nos ombros de Klaus, que por sua vez parecia perdido em seus pensamentos. Ela logo tratou de endireitar-se, ele percebeu que ela havia acordado e olhou-a sorridente.
-Dormiu bem?
Ela ficou envergonhada por ter dormido por tanto tempo recostada no ombro de um completo estranho.
-Si...Sim...
-Acha que pode caminhar até a cidade? Faltam apenas dez ou quinze quilômetros.
Ela limitou-se a assentir com a cabeça. Klaus levantou-se e estendeu a mão para ela.
-Então vamos, eu não gostaria de chegar após o anoitecer.
Ela aceitou a ajuda para levantar-se.
    Os dois seguiram a passos lentos pela estrada. Logo foi possível notar certas mudanças, as árvores iam rareando cada vez mais e o qualidade do calçamento da estrada ia melhorando, não demorou até que a silhueta da cidade surgisse no horizonte. Elizabeth olhou para a cidade maravilhada, ela crescera em uma vila e nunca fora até uma cidade, mesmo durante a viagem ela passará apenas por vilas, ela abriu um largo sorriso e falou animada.
-É para la que nós vamos?
Klaus sorriu em reação a toda animação da menina.
-Sim, Drashep, não é uma cidade grande, mas é o maior centro comercial desta parte do país.
O sorriso dela alargou-se ainda mais, ela perdeu-se em pensamentos sobre compras e pessoas que poderia encontrar ali, mas logo voltou a realidade e lembrou-se de que aquela não era uma viagem para diversão.
    Eles alcançaram os portões da cidade ao por do sol, Elizabeth ficou ainda mais impressionada, Drashep era cercada por uma alta muralha de pedra, até mesmo algumas torres de vigia estavam posicionadas em certos pontos da murada. Com os portões a segurança não era diferente, as pesadas portas de madeira e a grade de aço estavam abertas, mas guardas trajando armaduras e carregando espadas verificavam cada carroça que adentrava a cidade.
-Por que um esquema de segurança tão rígido, não era uma cidade mercantil.
-Sim, mas além de a cidade correr grandes riscos de ser atacada em guerras os regentes não admitem nenhum tipo de contrabando.
-Entendo...
-Bem, agora, caminhe junto comigo e não haverá problemas.
Os dois avançaram, no momento de cruzar o portão um dos guardas se aproximou, mas ao ver Klaus apenas cumprimentou-o com a cabeça, Klaus fez o mesmo.
-Você o conhecia?
-Sim, a grande maioria dos guardas me conhecem.
-Por isso não vieram nem ao menos falar conosco?
-Sim.
   
    Já dentro da cidade Elizabeth ficou um tanto quanto desapontada. As coisas não eram tão diferentes quanto ela esperava, as poucas diferenças eram o calçamento de pedra das ruas e as telhas de cerâmica das casas, as construções eram um tanto quanto mais amontoadas e haviam mais pessoas nas ruas, mas além disso Drashep não passava de uma vila grande.
-Eu esperava mais...
Klaus percebeu que ela parecia um tanto quanto desapontada.
-Não é tão diferente assim de uma vila não é mesmo?
-Não...
-Bem,talvez isso deva-se a hora, as passam das seis e boa parte do comercio já esta fechada, amanhã irá parecer um lugar mais interessante.
Elizabeth ficou um pouco confusa.
-Se o comercio já esta fechado o que exatamente viemos fazer aqui?
Klaus sorriu afetuosamente.
-Viemos para passar a noite, tem apenas uma cama no meu chalé, e acho que nenhum de nós dois estaria disposto a dormir no chão ou dividir a cama.
Elizabeth corou e assentiu com a cabeça.
-Mas antes de irmos para a estalagem quero que você veja uma pessoa.
-Quem?
-Você logo vai descobrir...
Dizendo isso Klaus parou logo em frente a uma loja, cuja placa continha os dizeres “Alfaiate Verônica”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário