sábado, 30 de abril de 2011

#2 O olho do gato capítulo2:Teana e o Gato

   
    O galo cantou pontual, sua canção ecoou por toda a região e o sol obedeceu a seu comando, os raios de luz dourada não tardaram a iluminar a paisagem, pintando tudo de dourado. Teana amava aquele espetáculo e daquela colina ela tinha a mais privilegiada visão dele, sempre que podia ela ia até la para assisti-lo.
Findado o nascer do sol Teana sorriu alegremente, deitou-se em meio as margaridas e fechou os olhos, o sono veio e ela não ofereceu nenhuma resistência a ele, adormeceu.

Scrödinger seguiu para oeste como Folks lhe dissera para fazer. Caminhava lenta e despreocupadamente com um simpático sorriso estampado no rosto. O número de árvores foi reduzindo gradativamente até que se tornassem poucas, ele já não estava mais no bosque e a dita coluna estava visível. Ele suspirou e foi até la.
Abriu os olhos e deu de cara com um estranho. Era um homem de cabelos totalmente brancos, olhos azuis com pupilas verticais, terno negro surrado, cartola e uma bengala. Ele sorria para ela e a fitava nos olhos, por algum motivo ele tinha uma presença estranha, a sensação de estar com ele não era a mesma de estar com uma pessoa normal, era como se ele não fosse humano. Ela levantou-se rapidamente, afastou-se dele e apertou o cobertor ao redor de seu corpo, tentando impedir que aquele estranho a visse de camisola.
-Quem é você?
O estranho curvou-se respeitosamente, prestando reverência.
-Peço perdão, não tinha intenções de assustá-la...
Teana o encarou por alguns momentos, ele continuava a sorrir e seus olhos expressavam sinceridade. Ela suspirou, não havia muito o que fazer então era melhor descobrir o que ele queria para que ele fosse embora.
-Não se preocupe, apenas não esperava alguém por aqui tão cedo... Mas agora diga, quem é você?
Ele fez uma pomposa mesura.
-Eu sou humilde servo do céu estrelado, andarilho a serviço dos quatro ventos, senhor dos seres imortais e inimigo do rei da espada de ébano, eu sou Scrödinger, o gato.
Os olhos de Teana brilharam, por mais estranho que aquelas palavras pudessem soar elas faziam algum sentido, a estranha aura que ele emanava e os olhos verdes iguais aos de um gato. “Então ele é como os seres das lendas...”. Ela sorriu, aproximou-se um pouco dele com os olhos carregados da mais sincera curiosidade.
-Então você é um gato, como aquele das lendas?
Scrödinger riu.
-Não sei, isso dependeria de que tipo de lenda você escutou.
Ela deu mais um passo a diante, estando agora bem perto dele.
-Um ser imortal que não é nem humano nem fera que vaga pelo mundo com um proposito desconhecido... Este é você?
Scrödinger olhou para o alto e levou um dos dedos ao queixo em sinal de que estava pensando.
-É... Creio que esta história seja sobre mim...
Teana estava tão entusiasmada com aquilo que chegou ao ponto de colocar suas mãos sob os ombros de Scrödinger e aproximar bastante seu rosto do dele.
-SERIO!?
Scrödinger pareceu se incomodar um pouco com a proximidade, chegando a afastá-la delicadamente, ela quando percebeu se envergonhou por deixar-se levar e ter chegado tão perto de um homem desconhecido.
-Perdão... Deis de pequena fui apaixonada pelas lendas a respeito de seres sobrenaturais que acabei me deixando levar...
Ele sorriu amigavelmente.
-Não se preocupe com isso.
Teana encarou-o com olhar serio, ela acreditava nele, mas sabia que o mundo era um lugar cruel recheado com tofo o tipo de pessoa, era bem possível que ele estivesse mentindo.
-Permita-me perguntar senhor Scrödinger, mas antes que continuemos esta conversa eu preciso ter certeza de uma coisa...
-Pode perguntar o que quiser.
Ela fitou-o nos olhos.
-Como posso ter certeza de que você não esta mentindo?
Ao contrario do que ela esperava ele gargalhou.
-É muito bom ouvir esta pergunta, quer dizer então que os humanos ainda tem o bom senso de não acreditar em qualquer coisa que escutam por ai! Mas voltando a sua pergunta, creio que a única forma de responder seja mostrando a você o que faz de mim alguém que deixou de ser humano mas não chega a ser uma fera...
Scrödinger tirou a cartola e afastou os cabelos deixando suas orelhas a mostra, elas eram pontiagudas e alongadas com as pontas semi bifurcadas.
-E então, quer mais alguma prova?
Para Teana aquilo bastava, mas ela decidiu por a prova até onde Scrödinger era o que dizia ser.
-Isso não significa nada, você pode ter nascido com orelhas diferentes... Eu preciso de algo que me convença, algo que um humano jamais conseguiria fazer...
Scrödinger sorriu, ele parecia estar se divertindo com aquilo, quase tanto quanto Teana. “Preciso agradecer Folks mais tarde, ele estava certo quando me disse para prestar atenção em garotas com cabelos dourados”. Ela esperava ansiosa pelo que ele iria fazer, aquela situação era estranha, quase insana, conversar com um estranho com propósitos desconhecidos e discurso absurdo, mas ainda sim acreditava nele, alguma coisa a impelia a não duvidar.
Scrödinger fincou a bengala no chão e abriu os braços. Ele sorriu de maneira vitoriosa e fitou teana nos olhos.
-Preste bastante atenção mocinha, pois agora você terá de confiar em seus olhos e em sua própria sanidade.
Teana dedicou toda a sua atenção a ele. A principio nada aconteceu, mas não tardou a ocorrer algo impossível. Diante dos olhos dela o corpo de Scrödinger começou a sumir, parecia que ele era construído a partir de uma fita que agora se desenrolava. Não demorou até que ele tivesse desaparecido. Ela ficou impressionada, agora não restavam duvidas, qualquer conceito racional aceitaria que ele realmente era o que dizia ser.
-Tudo bem, eu acredito em você.
-Que bom, se isso não a convencesse eu não saberia o que fazer...
A voz veio de trás dela, ela virou-se e Scrödinger estava la, apoiado na bengala e sorrindo alegremente.
-Creio que agora possamos retomar o rumo original da conversa, estou certo?
-SIM!

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